Concursos públicos, independente de já terem sido realizados ou em preparação, estão contribuindo para um aumento de 12% na procura por casas, seja para alugar ou comprar, em Boa Vista.
De acordo com o delegado do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI) em Roraima, corretor Reginaldo Lima, isso contribui para que o atual cenário roraimense do mercado de imóveis, marcado por uma procura maior do que a disponibilidade de casas e apartamentos, continue em alta.
“Boa Vista é uma cidade completamente diferente das outras capitais. Aqui, é muito comum haver procura por parte de pessoas que passam um ou dois anos na cidade. Ou, como é o que está ocorrendo muito do ano passado para cá, existe a questão dos concursos públicos. Temos da Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima), da Secretaria Estadual do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), da Polícia Militar, da Assembleia, entre tantos outros que estão para ter edital publicado. Roraima sempre foi um estado de mais demanda do que disponibilidade de imóveis, e isso foi reforçado”, explicou.
Segundo Reginaldo Lima, a disponibilização de casas também vem aumentando. Entretanto, a movimentação ainda é sútil, uma vez que ela vem ocorrendo através da construção de condomínios ou em lugares considerados pouco atrativos para a maioria dos clientes, devido ao crescimento da violência.
“A quantidade de imóveis aumentou também, principalmente por causa da presença cada vez maior de condomínios na cidade, ofertando 10 a 15 residências. Mas esse aumento ainda é pequeno, cerca de 8%, e não está conseguindo acompanhar o ritmo da demanda. Além disso, o sentimento de insegurança, com o aumento da violência na cidade, contribui para maior número de casas para alugar e vender em bairros mais violentos”, frisou.
A crise migratória também possui impacto na procura de casas. Apesar de não ser algo que afeta toda a cidade, bairros com maior concentração de imigrantes acabam sendo afetados negativamente. O delegado do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI) mencionou bairros que possuem abrigos como mais agravados
“O bairro Caimbé, por exemplo, é um caso muito peculiar. Por lá, a prostituição fez a venda e o aluguel de casas diminuírem significativamente. Bairros onde há maior concentração de venezuelanos atualmente, como é o caso do Asa Branca e Jardim Floresta, estão tendo uma rejeição bem grande por pessoas que procuram casas, mesmo que haja proximidade de centros comerciais, que também se veem como prejudicados”, explicou.
Apesar da procura, Reginaldo ressaltou que os valores praticados para aluguel e compra na Capital ainda estão muito altos, sendo comparados com grandes cidades, como Recife e Salvador. “Eu acredito que o mercado imobiliário de Boa Vista lucraria muito mais se as casas fossem mais baratas. No caso do Paraviana, por exemplo, é um bairro muito visado, mas que acaba não tendo tantas vendas e locações. Se o valor das casas ofertadas fosse de R$ 500 mil, o que é um preço mais justo, as vendas alavancariam facilmente. Boa Vista não é uma cidade com indústria ou turismo elevado, mas suas casas são cobradas como se fosse”, frisou.
Paraviana, Aparecida, Centenário e Satélite são os mais procurados
Segundo o delegado do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI) em Roraima, corretor Reginaldo Lima, os bairros mais visados tanto para compra como aluguel na cidade atualmente são Paraviana, Aparecida, São Pedro, Centro, São Vicente, Mecejana, Centenário e Cidade Satélite.
“O Paraviana é sempre o primeiro que quem vem de fora costuma querer ver. O comprador fica interessado porque empresários, juízes, policiais, entre outras autoridades, moram por lá. Entretanto, não é tão comum a venda, pois, justamente por causa da vizinhança, o local fica muito caro, mesmo que sem haver um centro comercial ou algo do tipo que dispense a necessidade de um carro”, afirmou.
Em relação aos demais bairros procurados, a existência de centro comercial, proximidade com ambientes de trabalho e menores incidências de violência contribuem para que haja a procura por eles. O Cidade Satélite é o bairro que surpreende na quantidade de vendas, segundo Reginaldo, por ser uma região com estrutura relativamente nova e que já apresenta vários investimentos em comércio.
“O Cidade Satélite, que é considerado distante do Centro, está tendo uma grande procura recentemente. Isso ocorre porque é um bairro considerado agradável, mesmo que tenha tido um aumento na violência com a construção do residencial Vila Jardim, e é acessível, com uma boa concentração comercial. Muitos investimentos em comércio estão ocorrendo lá e isso faz o interesse aumentar, levando em conta que os preços são bem baratos”, contou.
Como recomendação para vendedores, Reginaldo destacou que é importante conhecer os clientes e sempre estar atento a possíveis farsantes, que podem se passar por clientes com intenção de praticar um assalto. Para compradores, a dica é conhecer o bairro onde se planeja morar e elencar as vantagens e desvantagens.
“Aos vendedores independentes, que só querem vender seu imóvel, eu digo para que tenham cuidado em relação aos clientes. Sempre converse com ele por telefone, conheça antes de mostrar a casa, pois existe o risco de ser assaltante. E para o comprador, eu digo para analisar a segurança do bairro, acessibilidade ao comércio, unidades de saúde e, se necessário, local por onde transporte coletivo passa. Ou, o que seria até melhor, entre em contato com um corretor. Ele é profissional, entende de compras e com certeza vai te ajudar no cálculo do orçamento e riscos”, concluiu. (P.B)