A onda de violência registrada nas proximidades da Praça Germano Augusto Sampaio, no bairro Pintolândia, influenciada principalmente pelo aumento de atividades relacionadas ao tráfico de drogas no local, fez com que moradores vizinhos criassem uma espécie de ‘toque de recolher’ às 18 horas, pois este seria o horário no qual o local apresenta uma concentração mais crítica dessas e outros crimes, como assaltos e homicídios.
De acordo com os moradores das proximidades, a concentração do tráfico é mais forte em frente à Avenida Laura Pinheiro Maia. O autônomo, Fernando Souza Silva,contou que o tráfico de drogas ocorre independente de ser dia ou noite. Entretanto, o período noturno ainda é o mais perigoso.
“O tráfico por aqui é constante. Já cansei de ver gente comprando droga na praça, seja manhã, tarde ou noite. De noite é mais complicado, pois é aí que os traficantes ficam concentrados por lá mesmo, muitas vezes convocando venezuelanos que estão precisando de comida”, relatou.
Por causa disso, Fernando e os dois filhos não vão mais à praça desde o início de 2018, quando a onda de crimes começou a tomar as atuais proporções. Também mencionou que quando quer levar seus filhos para andar de bicicleta, prefere levar para lugares mais afastados.
“Eu prefiro pegar o meu carro, colocar as bicicletas dos meus filhos nele e levar para a Praça das Águas ou Parque Anauá. É meio longe, mas vale mais a pena do que ir para a praça que fica em frente de casa. Eu não arrisco atravessar a avenida para ir lá e não estou permitindo que meus filhos façam isso”, disse.
Na Rua N-8, também próxima à praça, moradores contam que a violência ainda não é tão aparente para eles, mas que o toque de recolher continua valendo de qualquer forma. A dona de casa, Creusa Nascimento, explicou que o único horário que considera de total segurança para caminhar pela Praça Germano Sampaio é às 5 horas da manhã.
“Eu vejo usuários de drogas, mas nunca presenciei um tiroteio, pois me recolho, solto meus pit bulls e tranco o portão assim que dá 18 horas. Eu ainda vou na praça caminhar e usar os equipamentos de ginástica, mas só por volta das 5h da manhã. Esse parece ser o único horário realmente tranquilo para andar por lá”, lamentou.
A universitária, Maria Lauane Herenio, moradora da Rua Pedro Aldemar Bantim, afirmou que as notícias que são repassadas quanto aos crimes que ocorrem por lá afetaram tanto a sua família, que parentes temem que ela saia para jogar bola com os amigos.“Minha mãe fica com raiva quando saio de tarde para jogar bola por lá, devido a todos os assassinatos e apreensões que costumam ocorrer. Mas sempre volto antes de dar 18 horas, pois é o horário que todos dizem ser o de recolher”, afirmou.
E até mesmo comércios estão adotando posturas mais rígidas perante esse cenário. Esse é o caso da dona de um comércio de alimentos e moradora da Rua Pedro Aldemar Bantim, Fátima Ferreira da Silva, que deixou de atender clientes de forma presencial para entregar somente marmitas.
“Eu costumava deixar meu comércio com o portão aberto e lugares para pessoas sentarem. Só que, com o nível da violência aumentando, resolvi gradear o que já tinha portão e colocar cerca elétrica. Meus filhos, que costumavam praticar esportes até umas 22 horas, já não praticam mais, pois eles precisam estar aqui às 18 horas”, disse.
OUTRO LADO – A Prefeitura de Boa Vista informou,por meio de nota, que a Guarda Civil Municipal faz rondas diariamente em todos os espaços públicos da capital. “Na Praça Germano Sampaio, o efetivo é de oito guardas civis, todos os dias, inclusive aos finais de semana. As rondas envolvem todos os agrupamentos táticos, como o Grupo Tático Municipal (Gtam), Ronda Ostensiva Municipal (Romu) e Ciclopatrulha”, destacou.
A nota também ressaltou que a população pode ajudar denunciando atos de violência ou vandalismo, acionando a Guarda Municipal no telefone 153, a Polícia Militar, por meio do 190, ou ainda na Central de Atendimento 156.
A Folha também entrou em contato com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESP) e a Polícia Militar, mas, até o encerramento deste material, não houve retorno. (P.B)
Bueiro está estourado há três meses
Um bueiro situado no cruzamento da Rua N-8 com Pedro Aldemar Bantim, de frente para a Praça Germano Sampaio, está estourado há pelo menos três meses, segundo populares. Eles informaram à Folha que situação semelhante nunca tinha ocorrido antes.
Segundo a comerciante, Fátima Ferreira, o odor tem efeitos negativos em seu comércio, pois há dias que o cheiro impede as pessoas de andarem pela rua. “O cheiro aqui está insuportável. Tem dias que quando chego na frente do portão de casa já sinto o cheiro dessa fossa. Do lado dela, já tá se formando um buraco que enche e esvazia o tempo todo, acredito que de acordo com o fluxo do esgoto. Uma equipe da CAERR veio aqui tentar reparar, mas não conseguiu e informou que só poderia fazer alguma coisa depois do inverno”, comentou.
Outra moradora relatou que existe um buraco se formando ao redor do bueiro e teme que ele cresça a ponto de atrapalhar o fluxo de veículos no local.“O bueiro está quebrando. Daqui a pouco ele vai consumir o bueiro inteiro. O pior momento é durante a noite. Não sei o que ocorre durante a noite que às vezes o buraco transborda do nada. Agora imagina quando chove? Aí que ninguém consegue sair de casa mesmo”, reclamou.
OUTRO LADO – A Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (CAERR) informou que não recebeu nenhuma reclamação sobre o funcionamento da rede de esgoto, localizada neste trecho da Rua N-8, no bairro Pintolândia, mas ressaltou que existe um grande volume de material que passa por esse trecho da rede e, devido ao mau uso, há momentos em que o sistema pode ficar comprometido.
“A CAERR tem feito o monitoramento da rede de esgoto localizada na área e uma equipe foi enviada ao local na quarta-feira, dia 25, para a realização dos reparos necessários que incluíram a desobstrução da rede, o que garantiu a normalidade do sistema, e enviará uma equipe novamente ao local para verificar o que ocorreu e se existe a necessidade de novos reparos”, afirmou a nota.
A Companhia reforçou que possui um canal de comunicação direto com o consumidor, por meio do número 0800.280.9520, das 7h às 18h, de segunda a sexta-feira, sábados, domingos e feriados, das 8h às 18h e pelo aplicativo CAERR Mobile (Android e IOS) ou por meio do portal, www.caerr.com.br. (P.B)