Genor Faccio ficou conhecido em Roraima pela produção de arroz, que ainda hoje é a atividade principal desenvolvida no período da seca da várzea na Fazenda Paraíso, mas não é a única. Apostando na diversificação, Faccio planta soja e milho e cria gado na mesma propriedade.
“Com a problemática da Raposa Serra do Sol, ficamos com a área de arroz limitada e ociosa parte do ano. Aí resolvemos investir em rotatividade, que no caso é a soja. Plantando a soja, a gente viabiliza a cultura do milho, que por sua vez viabiliza a pecuária. Hoje trabalhamos com quatro atividades: a principal é o arroz irrigado, que plantamos no verão; na chuva, a gente planta a soja e o milho na parte alta e também faz a cria de gado”, explicou.
O produtor acredita que não pode passar o ano inteiro sobrevivendo de uma cultura. “É inviável vir pra cá, querer plantar soja e ficar o resto do ano parado. Aqui em Roraima o período da seca é maior que o período da chuva. Então não é justo que eu fique mais tempo parado do que produzindo”, disse.
A integração lavoura-pecuária é possível graças a soja, que recupera o solo para outras culturas. “A soja viabiliza a plantação do milho, que é uma planta exigente. Fazemos os primeiros anos com a soja, recuperamos o terreno e depois fazemos a rotação com o milho. Depois fazemos a pastagem em cima dessa área, onde o gado come o resíduo da soja e do milho”, afirmou.
Neste ano, Genor Faccio plantou 2.250 hectares de soja na Fazenda Paraíso, o que corresponde a quase 6% do total de soja plantada em todo o Estado. Segundo a Comissão Organizadora da Colheita da Soja (COC Soja), foram plantados 40 mil hectares de soja, um crescimento estimado em 25% em relação a 2017.
“A soja alavanca outras atividades. Atrás da soja, vem o milho. Aproveitamos os dois grãos para a criação de galinha, produção de ração para suínos. A soja é uma âncora, que permite que existam outras culturas”, reforçou o presidente da COC Soja 2018, Ermilo Paludo.
Preço das terras atrai investidores
Um dos atrativos de novos investidores para Roraima, além da integração lavoura-pecuária, é o preço das terras. Se em outro estado brasileiro a terra chega a valer em torno de mil sacas de soja por hectare, ou R$ 70 mil, em Roraima é possível comprar por R$ 3 mil ou R$ 4 mil (terras que ainda não foram plantadas) e de R$ 7 mil a R$ 8 mil (terras que já foram cultivadas) . “É mais barato investir aqui do que em outras regiões. Além disso, as terras são próximas do asfalto”, revelou Genor Faccio.
A proximidade do Porto de Itacoatiara, no Amazonas, é outro atrativo, o que facilita a logística e o acesso ao mercado. “É colher, carregar o caminhão e vai embora. Ficamos a mil quilômetros de um porto, por uma estrada asfaltada”, citou o produtor.
Outro diferencial da cultura da soja no cerrado de Roraima é a condição climática, que permite que o Estado siga o calendário da América do Norte, produzindo na entressafra brasileira. “Plantamos no mesmo período que os Estados Unidos porque estamos acima da Linha do Equador. Os melhores preços do grão normalmente aparecem na época que nós colhemos, de agosto a outubro”, frisou Ermilo Paludo.
EVENTO – A Abertura Oficial da Colheita da Soja no Cerrado de Roraima – Safra 2018 será nos dias 31 de agosto e 1º de setembro, com visitas, palestras técnicas e a Largada da Colheita da Soja na Fazenda Paraíso, no KM 76 da BR-401. O evento é organizado pela Comissão Organizadora da Colheita da Soja (COC Soja) e pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Roraima (FAERR).