Cotidiano

Investigação do Seripa continua e a do Governo não saiu do papel

Avião fez pouso forçado quando voltava de Santa Maria do Boiaçu para Boa Vista com duas pacientes e dois tripulantes

Os fatores que contribuíram para o acidente do avião Cessna, prefixo PP-FFR, modelo U206G, de propriedade do Governo do Estado, ocorrido no dia 26 de outubro do ano passado, continuam sendo um mistério.
Isso porque o Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes VII (Seripa), por meio do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, afirmou que as investigações feitas pelo órgão continuam em andamento. “A intenção não é punir, mas prevenir contra novos acidentes”, informou.
A outra investigação que poderia desvendar a causa do acidente nem saiu do papel, conforme apurado pela Folha. Esta foi instaurada pela Portaria 107/2014 da Casa Militar, publicada no Diário Oficial do Estado do dia 27 de novembro, que designou o então secretário-chefe adjunto da Casa Militar, coronel Gleisson Vitória da Silva, para apurar as causas e circunstâncias que envolveram o incidente com a aeronave Cessna. O prazo para a conclusão era de 20 dias. A justificativa para a investigação, conforme a portaria, é que a aeronave pertence ao Estado e que tanto o avião quanto o piloto estavam sob administração da Casa Militar.
Esta é a informação passada pelo atual secretário-chefe da Casa Militar, coronel Nelson Silva, que afirmou nada ter encontrado relativo a essa apuração. “Não foi aberta investigação. Então, estamos aguardando a perícia da Aeronáutica. O que sabemos é que ela já foi concluída e que o motor já foi liberado para o governo, mas que ainda não chegou o resultado”, afirmou.
Nelson Silva disse que além de aguardar o resultado das investigações, está buscando uma forma de trazer o motor da aeronave para o Estado. “O motor já foi periciado e está à nossa disposição, em São Paulo, mas buscá-lo demanda custos e as prioridades, neste início de governo, são outras áreas, como educação, saúde e segurança”, disse.
A aeronave continua no local e o governo também estuda uma forma de trazê-la para Boa Vista, mas esbarra novamente no fator custos. “Sábado retrasado, uma equipe nossa foi ao local para avaliar as condições e de que forma a aeronave poderá ser retirada de lá, mas não é uma operação tão simples porque no local só se chega de helicóptero. As primeiras informações que temos é que ela pode ser recuperada, pois a estrutura não foi comprometida”, explicou.
A previsão é de que a aeronave seja retirada do local do acidente nos próximos 30 dias. “Temos que retirá-la antes do inverno, porque o terreno em que foi feito o pouso é instável, e sendo uma área pantanosa, no inverno pode piorar. Temos que retirá-la antes do inverno para que não haja danos maiores”, complementou.
O CASO – A aeronave Cessna havia se deslocado da cidade de Boa Vista com destino a Santa Maria do Boiaçú, região do Baixo Rio Branco, para fazer a remoção da paciente Marinês Vieira Barrosa, que estava com uma criança recém-nascida e com a placenta colada ao útero, e da acompanhante dela, Françoisa Rodrigues da Silva, que na época estava com 34 semanas de gestação.
A aeronave saiu de Boa Vista em direção ao Sul do Estado por volta das 9h15 do dia 26 de outubro, com o piloto Raimundo Nonato da Costa Lima e o socorrista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) Anderson Teixeira. Como não retornou no mesmo dia, foi dada como desaparecida.
A Força Aérea Brasileira (FAB) e o Corpo de Bombeiros realizaram buscas. Cinco dias depois, os ocupantes foram encontrados em um local distante, a 3,5 km da aeronave e a 200 quilômetros de Boa Vista.
Em entrevistas à imprensa, o piloto disse que o motor da aeronave apresentou problemas e parou no trajeto entre a vila Santa Maria do Boiaçu e Boa Vista, o que o levou a fazer um pouso de emergência. Todos estavam debilitados, mas com vida. (M.F)  
Frota de aeronaves do Governo está inoperante
O Governo do Estado iniciou o ano com todas as aeronaves inoperantes. Isso significa dizer que se houver necessidade de se fazer uma remoção de emergência, será necessário contratar uma aeronave particular, o que demanda custos.
“Essa parte aérea, neste início de ano, está complicada. Todas as aeronaves estão ‘baixadas’ para manutenção e sem previsão de quando estarão liberadas em razão dos custos. Fora o Cessna U206G, todas as outras se encontram fora do Estado. Temos dívidas consideráveis em razão dos custos de manutenção dessas aeronaves”, disse o chefe da Casa Militar, coronel Nelson Silva.
No total, o Governo do Estado dispõe de oito aeronaves. Destas, três estão para leilão em Brasília e Minas Gerais: Dois Lear Jet e um helicóptero Esquilo. Três estão no Amazonas (Azteca; Cessna 210 e Baron), uma em Belo Horizonte (King Air), além do Cessna acidentado em outubro do ano passado.
Silva disse que a expectativa é de que essa situação se regularize somente a partir do segundo semestre deste ano. “À medida que tivermos a disponibilidade de recursos e a viabilidade econômica de recuperar essas aeronaves, vamos trazê-las de volta. A ideia é termos, pelo menos, três aeronaves para atender os casos urgentes no Estado. Mas no momento, não temos como atender em razão do sucateamento que foi feito”, afirmou. (M.F).