SAÚDE

Pesquisadores apontam circulação do vírus Mayaro em Roraima

Transmitido por mosquito, o MAYV causa sintomas parecidos com os da dengue e febre chikungunya.

O mayaro é transmitido pelo mosquito silvestre Haemagogus janthinomys (Foto: Josue Damacena/ Fiocruz)
O mayaro é transmitido pelo mosquito silvestre Haemagogus janthinomys (Foto: Josue Damacena/ Fiocruz)

Uma pesquisa feita pela Unicamp revelou a circulação do vírus Mayaro entre humanos no estado de Roraima. Foram analisadas amostras de soro coletadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Roraima, entre os anos de 2020 e 2021, de pacientes que apresentavam estado febril. Esse período coincidiu com uma epidemia de dengue seguida por um surto de febre chikungunya na região.

De acordo com os resultados da pesquisa, a presença do vírus Mayaro foi detectada em 3,4% das pessoas testadas, revelando uma preocupação adicional. Alguns pacientes infectados não relataram qualquer atividade em áreas de mata, sugerindo a possibilidade de circulação do vírus em áreas urbanas de Roraima.

O vírus foi identificado em todo o estado, incluindo áreas urbanas, indicando um potencial aumento na suscetibilidade da população à infecção.

O que é o Mayaro?

O vírus Mayaro (MAYV) é classificado como um arbovírus, transmitido por mosquitos silvestres, e é comumente encontrado em regiões de floresta ou áreas rurais da América Central e do Sul. No Brasil, sua detecção é historicamente registrada em estados da região Norte, como Acre, Pará e Amazonas.

Sintomas e diagnóstico

Os sintomas da infecção por vírus Mayaro em humanos incluem dores no corpo, fadiga, artralgia (dores nas articulações), dor e inchaço nas articulações. O diagnóstico clínico do MAYV é desafiador devido às semelhanças com outras doenças febris, como dengue e chikungunya. Um dos diferenciais é a maior probabilidade de ocorrência de artralgia e artrite crônica, que se assemelha à febre chikungunya.

Transmissão

O Mayaro é transmitido pelo mosquito silvestre Haemagogus janthinomys, o mesmo vetor da febre amarela. Na floresta, o mosquito infecta vertebrados que habitam as copas das árvores, como primatas, aves e roedores, que se tornam reservatórios do vírus. No organismo desses animais, o vírus se replica e pode contaminar novos mosquitos, perpetuando o ciclo de transmissão.

Embora não haja registros de transmissão do vírus Mayaro no Brasil por mosquitos urbanos, como o Aedes aegypti, estudos em laboratório demonstraram a capacidade dessa espécie em transmitir o vírus. No entanto, os pesquisadores destacam que essas experiências laboratoriais não confirmam a possibilidade de transmissão pelo Aedes aegypti fora do ambiente controlado do laboratório.