MÃES DA RESISTÊNCIA

Mãe luta pela proteção e garantia de direitos dos filhos LGBTQ+ em Roraima

Ainda em clima de mês das mães e no dia internacional contra a LGBTfobia, entenda como Regy Carvalho atua para a proteção das filhas e demais pessoas pertecentes a comunidade

Regy Carvalho é representante do grupo Mães da Resistência em Roraima (Foto: Arquivo Pessoal)
Regy Carvalho é representante do grupo Mães da Resistência em Roraima (Foto: Arquivo Pessoal)

O mês de Maio é marcado popularmente como o Mês das Mães, onde todos os dias mães são homenageadas e presenteadas pelo seu amor e dedicação aos filhos. Outra data alusiva que acontece nesse período, é o dia internacional da Luta contra a LGBTfobia, celebrada hoje, 17. Em Roraima, uma mãe realiza um trabalho de proteção e acolhimento dos filhos e demais pessoas pertencentes à sigla, que são marginalizadas na sociedade.

A neuropsicopedagoga Regy Carvalho, faz parte do grupo Mães da Resistência, que iniciou em 2020 no Brasil, quando o mundo todo foi assolado pela pandemia da Covid-19 e jovens LGBTQ+ foram afetados não só pela doença, mas também pelo preconceito da sociedade.

Regy tem duas filhas que são parte da comunidade LGBTQ+ e relata o quanto as filhas geram esse sentimento de luta e proteção para os jovens que pertencem a comunidade.

“Minhas filhas são as pessoas que mais me dão forças, não só elas mas também os outros filhes que eu também acolho. Como mãe, eu sinto essa necessidade de lutar por eles. São pessoas, lutar pelos direitos dos LGBTQ+ é lutar também pelos direitos humanos”, afirma Regy.

Regy Carvalho e as duas filhas Ana e Lilith (Foto: Arquivo Pessoal)

A ativista explica que tem uma filha biológica, Ana, que é lésbica, e uma filha adotiva, Lilith, que é uma mulher trans e também bisexual. Lilith Cairú, foi uma das jovens acolhidas por Regy, mas que o carinho se estendeu para além do momento de vulnerabilidade, a conexão das duas foi como de mãe e filha.

“Eu estava passando por um momento muito difícil da minha vida, a Regy veio até mim em 2020 e conseguiu uma vaga em um abrigo para pessoas em vulnerabilidade. Eu fui uma das primeiras pessoas nesse local e por conta disso criei um vínculo grande com a Regy, a partir daí surgiu o sentimento de mãe e filha que temos. Porque ela me acolheu de fato”, explica Lilith.

Lilith Cairú foi adotada por Regy Carvalho (Foto: Arquivo Pessoal)

A jovem de 25 anos, atualmente mora sozinha e conseguiu se estabilizar na vida. Cursando Ciências Biológicas, ela tem novas perspectivas de vida graças a essa ajuda dada pela mãe adotiva.

“A minha mãe biológica demorou muito a entender o meu processo, ela mora no interior e eu na cidade, por isso que eu passei por vulnerabilidades no início. E como a Regy atua com essas pautas nós acabamos tendo mais afinidade. Um dos nossos objetivos em comum é abrir uma casa de acolhimento para pessoas LGBTQ+”, explica a jovem, que também é ativista.

Regy Carvalho deixa um recado para as mães de jovens LGBTQ+ que tem dificuldades para aceitar os filhos.

“As mães precisam resistir, olhar para seus filhos, filhas e filhes e saber que saíram do útero e estão no coração. E para eles saberem que estão em nossos corações, as mães precisam dizer basta para a violência e qualquer pessoa que tente tirar a integridade dos seus filhos”, finaliza a ativista.

Regy Carvalho aconselha que outras mães também lutem pelos direitos dos filhos LGBTQ+ (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Dia Mundial da Luta contra a LGBTfobia

Em 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Internacional de Doenças (CID). A data histórica, 17 de maio, foi escolhida posteriormente como o Dia Internacional Contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia, ou simplesmente Dia Mundial da Luta contra a LGBTfobia.

Neste dia, o movimento LGBTQIAPN+ busca o reconhecimento e a visibilidade da sociedade e luta pela garantia dos direitos sociais. A sigla representa as nuances da diversidade de gênero e sexualidade, incluindo Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queers, pessoas Intersexo, Assexuais, Pansexuais e Não-binários, com o indicativo “+” representando outras formas de orientações sexuais e variações de gênero.

No Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) passou a enquadrar a LGBTfobia dentro da Lei do Racismo, diante da ausência de uma lei específica aprovada pelo Congresso Nacional. A pena para o eventual crime pode chegar a 5 anos de reclusão e multa.

Mas infelizmente a realidade ainda é preocupante. Em 2023, no Brasil ocorreram 230 mortes LGBT de forma violenta, sendo 184 assassinatos, 18 suicídios e 28 outras causas, conforme aponta dossiê do Observatório de Mortes e Violências LGBTI+ no Brasil.