Geólogos da Universidade Federal de Roraima (UFRR) defendem que o Congresso Nacional aprove o Projeto de Lei que pode aumentar os investimentos em pesquisa de petróleo e gás natural para o Estado. A proposta já passou pelo Senado e agora está na Câmara dos Deputados.
Na prática, o PL determina que os estudos para aquisição de dados geológicos, geoquímicos e geofísicos em bacias sedimentares localizadas em áreas terrestres brasileiras deverão receber, durante cinco anos, pelo menos 5% do total dos recursos de pesquisa nos contratos de produção entre a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e empresas, como a Petrobras.
Doutor em Geociências pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Vladimir de Souza avalia que o projeto vai distribuir os recursos de forma igualitária entre as regiões brasileiras e que, no pior dos cenários, cerca de R$ 100 milhões podem ser destinados para a UFRR investir em pesquisas durante cinco anos.
“Imagina a UFRR tendo recursos para construir os melhores laboratórios, trazer pesquisadores, técnicos. Daria um salto inimaginável na área da pesquisa, não só de Geociências, mas de outras áreas relacionadas à cadeia do petróleo”, avaliou em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Folha FM (que pode ser conferida ao final da reportagem).
O também professor universitário também disse que, agora, o desafio é que a proposta vença os diversos lobbies bilionários na Câmara. Por outro lado, acredita na aprovação do projeto ainda neste ano, se considerar a unanimidade que ele obteve na Comissão de Infraestrutura do Senado.
O pesquisador ainda comentou sobre a possibilidade do governo federal autorizar, em até 30 dias, a exploração de petróleo na bacia do Tacutu, ao esclarecer que, para haver leilão de blocos petrolíferos na região, são necessárias pesquisas prévias. “Tem que ser feito após pesquisas – que não foram realizadas. O que existem são nossas pesquisas e as pesquisas da Petrobras na década de 1980”, destacou.
Hidrogênio natural em Roraima
Doutor em Geociências pela UFRGS, o geólogo e professor da UFRR, Carlos Eduardo Lucas Vieira, lembrou que Roraima é um dos quatro estados brasileiros com potencial para produzir hidrogênio natural, uma nova alternativa viável a combustíveis poluidores.
Essa fonte produzida naturalmente na crosta terrestre é uma das mais limpas. Esse hidrogênio, quando queimado, libera apenas água, diferente de outras fontes que liberam gases de efeito estufa. “Vai ser um importante componente de qualquer matriz energética do futuro”, pontuou. “Já foram feitas algumas pesquisas preliminares que apontaram esse potencial pra Roraima, e o mundo todo está caminhando pra transição energética”.
A doutora em Geologia, professora Lorena Malta, destacou que, na UFRR, existem seis pesquisas sobre o assunto, sendo as mais avançadas as de Doutorado. “Com certeza, com esse dinheiro pra Roraima, a gente consegue avançar bastante nesse estudo”, destacou sobre o aumento do recurso a ser proporcionado pela futura aprovação do Projeto de Lei.