Com objetivo de moderar os recentes conflitos no Estado, 60 agentes da Força Nacional chegaram a Roraima na tarde de ontem, 20, por volta das 14h. A vinda dos militares havia sido anunciada pelo presidente da República, Michel Temer (MDB), em razão dos acontecimentos em Pacaraima no final de semana.
A previsão é que mais 60 agentes cheguem a Roraima nos próximos dias, totalizando 120 integrantes da Força Nacional. De acordo com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sergio Etchegoyen, ainda não há uma previsão exata de quando os demais chegarão ao Estado. “É preciso levar viaturas, precisa levar recursos, por que lá não existe. Esses veículos não chegam de um dia para o outro para Roraima”, informou o ministro em coletiva de imprensa realizada em Brasília na manhã de ontem.
ATUAÇÃO – Segundo o Ministério da Justiça, foi autorizado o apoio da Força Nacional de Segurança Pública à Polícia Federal (PF) para realizar ações preventivas e repressivas como o combate ao tráfico internacional de armas e drogas e a entrada de imigrantes ilegais pelo Estado. As ações também atendem à Medida Provisória nº 820 de 15/02/2018 e os Decretos nº 9.285 e 9.286 de 15/02/2018.
“O efetivo atua em Pacaraima, em apoio à Polícia Federal, no controle migratório. A PF faz a fiscalização e o controle do cadastramento dos estrangeiros, a Força Armada faz verificação das áreas fronteiriças”, explicou o Ministério da Justiça.
OUTRAS MEDIDAS –O presidente Michel Temer também promoveu ontem mais uma etapa de reuniões com sete ministros, representantes e parlamentares no esforço de buscar soluções para a crise envolvendo os imigrantes venezuelanos em Roraima. A Folha entrou em contato com a Presidência da República e com a Casa Civil para obter informações sobre o resultado da reunião, porém não obteve retorno. Após o término da reunião, foi divulgado que o Governo Federal aguardará a avaliação técnica da comitiva enviada ao Estado para adotar outras medidas.
Comissão técnica interministerial avaliará situação em Roraima
O Governo Federal também decidiu encaminhar na tarde de ontem, 20, uma comissão interministerial para averiguar a situação nos municípios de Boa Vista e Pacaraima. A previsão é que a comitiva fique até hoje, 21, porém, esse prazo pode ser prorrogado caso a demanda seja grande.
A comissão é formada por técnicos da Casa Civil, GSI e ministérios da Defesa, Direito Humanos, Desenvolvimento Social, Ciência e Tecnologia, Segurança Pública, Desenvolvimento Social e Relações Exteriores.
Os servidores devem identificar as providências que podem ser tomadas pelo Governo Federal, além de trazer os resultados das ações de repressão aos conflitos na região. “São pessoas técnicas, mas com poder de decisão. Vão delegar as medidas que forem necessárias. Eles vão buscar os dados, ver as condições e o que mais pode ser feito”, explicou o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sergio Etchegoyen.
Sobre as medidas que podem ser tomadas, o ministro apontou algumas no âmbito social e da saúde, como intensificação de vacinação; ampliação de abrigos e aceleração na construção de outros espaços; estabelecimento de comunicações mais confiáveis e efetivas por conta da baixa qualidade de internet no Estado, entre outras.
“O Governo está tomando todas as medidas para exceder o processo de interiorização e todas as medidas visam assegurar o bem-estar e a segurança da população de Roraima, dando o tratamento digno que merece qualquer imigrante ou refugiado de acordo com as leis de migração brasileira”, completou o ministro.
A Folha entrou em contato com a Força Tarefa Logística Humanitária para saber se a equipe iria acompanhar a vinda da comissão, porém os representantes informaram que “não tinham informações para enviar”.
Situação é mais calma em Pacaraima
O prefeito de Pacaraima, Juliano Torquato (PRB), informou que a situação está tranquila até o momento no município, mas por precaução decidiu suspender o serviço de transporte escolar durante toda a segunda-feira, 20.
Segundo o prefeito, o serviço foi suspenso por conta de rumores de que venezuelanos poderiam revidar e agir contra os veículos de transporte, que fazem trajeto de alunos brasileiros e estrangeiros, por conta do conflito registrado em Pacaraima.
“Para resguardar a integridade dos alunos, a gente preferiu conversar com as autoridades venezuelanas, nesse segundo dia após o conflito, mas aparentemente está tudo normal”, disse. A rota vai ser estabelecida novamente para não prejudicar os estudantes nesta terça-feira, 21.
Apesar da situação mais tranquila, o prefeito garantiu que o município ainda passa por extrema necessidade. “Queremos que o Exército e o Governo Federal assumam o seu papel e cuidem da imigração carente, que não tem para onde ir e não deixe os estrangeiros jogados na rua, sem destino”, frisou. (P.C.)