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Polícia Civil instaura dois inquéritos para apurar crimes de roubo e prática de incitação pública

Dois inquéritos foram instaurados pela Polícia Civil no município de Pacaraima. O primeiro para apurar o crime roubo praticado por quatro homens de origem venezuelana contra o comerciante Raimundo Nonato de Oliveira, de 55 anos e a esposa dele, Maria Carneiro da Frota Oliveira, que também foi agredida pelos ladrões.

Outro inquérito instaurado foi referente à requisição do Ministério Público Estadual para apurar os crimes de discurso de ódio, xenofobia e incitação pública, que teria ocorrido por meio de uma manifestação nas ruas de Pacaraima, logo após o ataque de ladrões ao comerciante Raimundo Nonato de Oliveira.

De acordo com a delegada RozaneWildmar, a Delegacia Geral de Polícia (DG) encaminhou reforço de efetivo para o município. Inclusive, todos os policiais lotados na cidade que estavam de folga, foram convocados para retornar aos serviços por interesse da administração, a fim de apoiar as ações policiais na cidade.

O primeiro inquérito policial instaurado, segundo a delegada, apura o crime de roubo praticado contra o comerciante Raimundo Nonato de Oliveira, ocorrido na noite de sexta-feira, 17, quando ele teve a residência invadida por quatro homens, todos de origem venezuelana, e agredido violentamente.

Raimundo Nonato e a esposa foram surpreendidos pelos ladrões que passaram aproximadamente 30 minutos na casa. A esposa dele foi amarrada durante a ação dos criminosos e Raimundo Nonato agredido a pauladas. Os ladrões levaram aproximadamente R$ 23 mil entre Real e Dólar, além de um computador e três aparelhos de telefone celular.

A esposa do comerciante detalhou que antes de deixarem a residência, um dos assaltantes jogou uma toalha no rosto dela e em seguida lhe deu um murro.

O casal foi socorrido por vizinhos e levados ao Hospital do Município. Por se encontrar em situação clínica mais grave, Raimundo Nonato foi removido para Boa Vista e após atendimento médico recebeu alta.

Na segunda-feira, 20, Raimundo prestou declarações à delegada Rozane Wildmar que ouviu ainda outras três pessoas sobre esse crime.

De acordo com a delegada, a Polícia já tem indícios da autoria do crime, mas por se tratar de estrangeiros eles ainda não foram detidos.

“Estamos com trabalhos de investigações bem adiantados e contamos inclusive com o apoio do Ministério Público. As investigações demandam tempo e estamos seguindo algumas linhas de trabalho para identificarmos os autores do crime”, esclareceu.

MANIFESTAÇÃO – A violência praticada contra os dois comerciantes, em especial contra Raimundo Nonato de Oliveira, eclodiu uma manifestação na cidade de Pacaraima, com a expulsão dos venezuelanos da cidade, que tiveram pertences queimados.

A situação chegou a ficar tensa na cidade de Pacaraima. Para conter os ânimos e evitar tragédias, a governadora Suely Campos determinou às forças de Segurança que fosse encaminhado reforço ao município. A Delegada Geral de Polícia, Giuliana Castro, foi à Pacaraima e acompanhou o início dos trabalhos.

Por requisição Ministerial foi instaurado outro Inquérito Policial, com a finalidade de apurar os crimes de discurso de ódio, xenofobia e incitação à discriminação e violência contra pessoas de nacionalidade venezuelana, tipificados no Art. 20 da Lei n. 7.716/89, artigos 286 e 288 do Código Penal (incitação ao crime e associação criminosa).

Segundo a delegada Rozane Wildmar, o inquérito Policial vai apurar as condutas que desencadearam a manifestação e todas as consequências. “No decorrer das investigações, outros crimes podem ser vislumbrados, disse.

Na manhã desta terça-feira, 21, cinco pessoas foram ouvidas na Delegacia de Pacaraima. Trata-se de suspeitos de serem os organizadores da manifestação e testemunhas.

“Estamos com uma demanda muito grande de pessoas a serem ouvidas. Todo o trabalho conta com o apoio do Ministério Público Estadual. Será uma investigação detalhada e demorada, vez que são muitas pessoas a serem ouvidas”, disse RozaneWildmar.

Os dois inquéritos policiais têm um prazo de 30 dias para serem concluídos e, posteriormente serão encaminhados à Justiça.