O ministro da Educação, Camilo Santana, lançou na manhã desta quinta-feira (23), na Universidade Federal de Roraima (UFRR), o Pé-de-Meia. O lançamento regional do programa de poupança, que beneficiará 8.027 alunos roraimenses do Ensino Médio, foi marcado por protestos de professores federais grevistas e aplausos de estudantes estaduais.
Docentes da UFRR e do IFRR (Instituto Federal de Roraima) ocuparam parcialmente a entrada do Centro Amazônico de Fronteira (CAF) da instituição, para onde levaram apitos, cartazes e instrumentos musicais para demonstrar insatisfação com o Governo Lula. Representantes dos professores entraram no auditório na tentativa de entregar uma pauta de reivindicações a Santana.
O ministro, acompanhado do governador Antonio Denarium (Progressistas), chegou ao CAF por volta das 9h, pelos fundos do auditório. Eles foram recepcionados pela banda da escola estadual Monteiro Lobato e pelo grupo de dança parixara Filhos da Terra, formado por 32 jovens das etnias indígenas macuxi, wapichana e xirixana.
Em resposta ao questionamento da Folha na entrevista coletiva, Camilo Santana afirmou que o governo federal está aberto ao diálogo, ressaltou que os servidores públicos federais receberam reposição de 9% em 2023 após ficarem seis anos sem reajuste, e que tem participado diretamente das mesas de negociações com professores e técnicos-administrativos federais.
“Houve proposta passada para os docentes. Essa proposta, até o fim do Governo Lula, com esses 9%, ela varia de 23 a 40% do reajuste dos servidores. Houve rodada de negociação de técnicos administrativos e foi feita uma proposta mais ou menos parecida com a dos docentes. Além disso, o Governo está oferecendo 100% aumento no vale-alimentação, 50% no auxílio-saúde e 50% no auxílio-creche. Significam ganhos importantes. Claro que vamos manter o diálogo e reconhecemos a importância de valorizar os servidores públicos da Educação federal”, comentou.
Foi depois da entrevista que o ministro, o governador e a comitiva entraram no CAF sob efusivos aplausos de centenas de estudantes estaduais de Roraima. Também participou do lançamento o vice-governador Edilson Damião (Republicanos), o deputado federal Zé Haroldo Cathedral (PSD) e a deputada estadual Catarina Guerra (União Brasil), além de secretários estaduais e o reitor da UFRR, Geraldo Ticianeli.
Durante o evento, Denarium mandou um abraço para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na entrevista, o governador elogiou a iniciativa do governo federal e definiu a parceria com o Executivo nacional como de “extrema importância”.
Por volta das 14h30, no campus Paricarana da UFRR, Camilo Santana participará da cerimônia de assinatura do contrato de gestão especial entre a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e a UFRR para a gestão do novo hospital universitário de Roraima.
Pé-de Meia em Roraima
Camilo Santana explicou que os oito mil estudantes inicialmente beneficiados pelo programa Pé-de-Meia, em Roraima, pertencem a famílias inscritas no Bolsa Família, e que o governo federal vai estender a iniciativa para os demais alunos não-inscritos, totalizando mais de 14 mil alunos.
“O que a gente quer, em parceria com os estados, é dizer que não queremos nenhum aluno fora da escola. A Educação – e a formação – é o grande caminho de futuro e ter um caminho melhor, tem efeito social e econômico muito grande pro País e o Estado”, explicou ele, ressaltando que o novo programa foi criado em razão de 500 mil alunos terem abandonado o Ensino Médio, conforme o último Censo Escolar.
Questionado sobre se a proposta é suficiente para manter os alunos na escola, especialmente em unidades escolares desestruturadas em Roraima, o ministro da Educação explicou que o programa “é um complemento a várias outras políticas”.
“Uma escola precisa ter boa alimentação, por isso que nós reajustamos em 39% o valor da merenda escolar após seis anos sem reajuste. É preciso ter bons profissionais de Educação, bons professores, boa equipe, boa infraestrutura nas escolas, é preciso ter vontade de ir na escola, querer ir pra escola. Claro que existem dificuldades no País, mas precisamos nos unir pelo pacto federativo, independente de bandeiras partidárias”, declarou.
Cada aluno que seguir todos os requisitos durante a conclusão do Ensino Médio vai acumular até R$ 9,2 mil em benefícios. Em todo o Brasil, mais de 2,5 milhões de estudantes serão atendidos. O projeto custa R$ 7,1 bilhões, oriundos de um fundo privado da Caixa Econômica Federal.
Têm direito ao incentivo:
- Alunos de 14 a 24 anos, de baixa renda, matriculados no Ensino Médio regular das redes públicas, pertencentes a famílias inscritas no Bolsa Família;
- Alunos de 19 a 24 anos, de baixa renda, matriculados na Educação de Jovens e Adultos (EJA), pertencentes a famílias inscritas no Bolsa Família.