RORAIMA

Hospital das Clínicas inicia transição administrativa para virar hospital universitário

Unidade vai receber R$ 100 milhões para primeira etapa de obras de ampliação e terá primeiro bloco especializado em Saúde indígena no Brasil. Primeira gestão é 100% feminina

O presidente da Ebserh, Arthur Chioro, o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique, o ministro da Educação, Camilo Santana, o governador de Roraima, Antonio Denarium, e o reitor da UFRR, Geraldo Ticianeli (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
O presidente da Ebserh, Arthur Chioro, o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique, o ministro da Educação, Camilo Santana, o governador de Roraima, Antonio Denarium, e o reitor da UFRR, Geraldo Ticianeli (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) e a Universidade Federal de Roraima (UFRR) assinaram, nesta quinta-feira (23), o contrato de gestão especial do Hospital das Clínicas Dr. Wilson Franco. O objetivo é transformar a unidade no Hospital Universitário de Roraima em até um ano. O projeto pretende, por exemplo, fortalecer a rede assistencial local e ampliar o acesso dos povos indígenas aos serviços hospitalares e ambulatoriais especializados.

A assinatura foi feita no salão nobre da reitoria da UFRR, pelo presidente da Ebserh, Arthur Chioro, e o reitor da UFRR, Geraldo Ticianeli. Também estavam presentes o ministro da Educação, Camilo Santana, e o governador de Roraima, Antonio Denarium (Progressistas).

Governador e reitor ainda assinaram um termo de colaboração mútua para continuidade das ações em benefício do hospital universitário. No evento, Chioro nomeou a primeira gestão da unidade, completamente feminina e composta por professoras universitárias:

  • Superintendente Bianca Jorge Sequeira (biomédica doutora em Biologia dos Agentes Infecciosos);
  • Gerente administrativa Denise Figueiró Mendes (administradora doutora em Ciências Sociais);
  • Gerente de ensino e pesquisa, Ana Iara Costa Ferreira (doutora em Ciências da Saúde);
  • Gerente de atenção à saúde Bárbara Almeida Soares Dias (enfermeira doutora em Epidemiologia em Saúde Pública).
Presidente da Ebserh, Arthur Chioro, assina portaria de nomeação da primeira superintendente do Hospital Universitário de Roraima, a biomédica Bianca Jorge Sequeira (de verde) (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Como vai funcionar a transição

O presidente da Ebserh explicou que o processo de transição para transformar a unidade em hospital universitário vai durar um ano. “Nos próximos seis meses, a unidade continuará sendo administrada pela Secretaria Estadual de Saúde e a Ebserh começará a fazer todos os atos de entrada na administração. Nos seis meses seguintes, faremos transição mútua e, ao final de um ano, a Ebserh assume a administração”, diz Arthur Chioro.

O presidente da Ebserh, Arthur Chioro, na assinatura de contrato de gestão especial do novo hospital universitário de Roraima (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

No ano passado, o Governo Denarium autorizou a transferência do imóvel de 12,9 mil metros quadrados para a instituição de ensino. Nesta semana, o Executivo enviou para a Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) um novo pedido para autorizar a cessão do terreno anexo, de quatro mil metros quadrados, para possibilitar as obras de ampliação do futuro hospital universitário.

O presidente da Comissão de Saúde da ALE-RR, deputado estadual Cláudio Cirurgião (União Brasil), garantiu que a proposta será aprovada em regime de urgência até terça-feira (28), para possibilitar a construção da primeira unidade de atendimento médico indígena no Brasil.

R$ 100 milhões para ampliação

O hospital vai receber R$ 100 milhões para investimentos na primeira etapa das obras de ampliação, sendo R$ 50 milhões do Fundo Amazônia, R$ 30 milhões imediatos em 2024 e R$ 20 milhões em 2025. A unidade passará de 128 para 220 leitos. Nessa sexta-feira (24), a Ebserh vai publicar um edital para contratação das obras em até seis meses

Na primeira etapa das obras,  o pavimento térreo do bloco B será convertido na primeira URHPI (Unidade de Referência Hospitalar dos Povos Indígenas) com 35 leitos. A segunda etapa, por sua vez, contemplará a construção de dois novos blocos hospitalares, sendo o C com mais 35 leitos, e o D, com os setores administrativo, técnico, de ensino e pesquisa.

Com isso, o hospital terá UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com 20 leitos, 70 leitos de cuidados indígenas, 130 leitos clínicos e cirúrgicos, Centro Cirúrgico com seis salas, equipamentos de imagem (tomografia, ressonância e raio-X) e laboratório de análises clínicas. “Hoje nós somos o SUS, hoje nós somos a UFRR”, disse o reitor da UFRR.

Casai Yanomami

Durante o evento, o secretário nacional de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, assinou a ordem de serviço para a reforma da Casa de Saúde Indígena (Casai) Yanomami, em Boa Vista, no valor de R$ 44,8 milhões.

O secretário aproveitou para dizer que, nos próximos dias, o Ministério da Saúde vai anunciar o primeiro Centro de Referência Indígena na região de Surucucu, na Terra Indígena Yanomami. Tapeba ainda afirmou que o território pode chegar a ter 1,5 mil profissionais de Saúde ainda neste ano.

Sobre o hospital, ele disse esperar que a primeira unidade especializada de atendimento de média e alta complexidade aos indígenas no novo hospital seja uma experiência positiva e futuramente compartilhada pelo Brasil.

Autoridades

Também participaram do evento autoridades como os deputados federais Defensor Stélio Dener (Republicanos), Duda Ramos (MDB) e Zé Haroldo Cathedral (PSD), o presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), Soldado Sampaio (Republicanos), o secretário estadual adjunto Edson Castro, e o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique (MDB).

Queda de energia

A solenidade também foi marcada por uma queda de energia elétrica, que durou três minutos. Arthur Chioro brincou e arrancou risos da plateia: “mas o hospital vai ter gerador”.