Cotidiano

Pacaraima receberá reforços da Força Nacional e Polícia Federal

Medidas foram anunciadas pelo ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, durante visita ao município na tarde de ontem, 23

Com objetivo de acompanhar a prestação de serviços emergenciais pelos órgãos federais aos venezuelanos, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, visitou o município de Pacaraima na tarde de ontem, 23. A visita acontece quase uma semana após o conflito violento na fronteira, que resultou no retorno de mais de mil imigrantes para seu país de origem.

Na ocasião, Jungmann avaliou as recentes medidas tomadas pelo Governo Federal, como o envio de 120 agentes da Força Nacional ao Estado e anunciou outras, entre elas, o apoio da Força Nacional com policiamento ostensivo no município e repasse de R$ 2 milhões para a Polícia Federal em Roraima.

“Já temos 60 homens da Força Nacional já aqui e outros 60 homens estão vindo, por via terrestre, trazendo 16 veículos para fazer o patrulhamento. A senhora governadora [Suely Campos (PP)] solicitou o que não tinha solicitado antes, que a Força Nacional exercesse um patrulhamento ostensivo. Isto será feito a partir de agora”, afirmou.

Questionado sobre quando a Força Nacional iria efetivamente começar a atuar no Estado, o ministro explicou que o Governo Federal somente recebeu a documentação na quarta-feira, 22, e que os agentes ainda aguardavam pela emissão da portaria que vai levá-los ao engajamento e ao patrulhamento nas ruas.

“No momento que chegou a solicitação da senhora governadora, nós acionamos as ‘normas de emprego’ para que eles possam fazer o patrulhamento ostensivo. Chama a atenção que embora a Força Nacional aqui estivesse há meses, nós ainda não tínhamos recebido nenhuma solicitação de patrulhamento ostensivo”, completou Jungmann.

O ministro da Segurança Pública também anunciou a vinda de 45 estações de trabalho de regularização e documentação e o treinamento de aproximadamente 40 homens e mulheres da Força Nacional para reforçar a Polícia Federal na regularização e na documentação daqueles que entram no Brasil, para evitar o chamando ‘empoçamento’, ou seja, quando os imigrantes não têm para onde ir e permanecem nas ruas de Pacaraima.

BALANÇO – As ações do Governo Federal desde o agravamento da crise migratória também foram reforçadas pelo ministro, como a presença de 3 mil homens e mulheres das Forças Armadas atuando na Operação Acolhida, 146 agentes da Polícia Federal dos quais 44 se encontram em Pacaraima, 86 homens da Polícia Rodoviária Federal (PRF) dos quais dez se encontram em Pacaraima, 136 médicos do programa Mais Médicos e nove abrigos com a capacidade atual de acolher mais de 4 mil pessoas.

Durante a visita, o ministro também avaliou as instalações do posto de triagem da Operação Acolhida, onde são realizados os protocolos de refúgio, residência e documentação; o posto de registro e identificação onde é realizado o controle migratório e vacinação e visita ao abrigo Janokoida voltado para os indígenas da etnia Warao.

“O Governo Federal tem procurado fazer tudo que está ao seu alcance. Eu gostaria que outros países recebessem os migrantes não com arame farpado, mas com esse tipo de atendimento que temos aqui”, avaliou.

Governadores serão convocados para tratar de interiorização

Ministro Raul Jungmann: “Eu gostaria que outros países recebessem os migrantes não com arame farpado, mas com esse tipo de atendimento que temos aqui” (Foto: Wenderson de Jesus/FolhaBv)

O ministro Raul Jungmann anunciou que o Governo Federal deve reunir os governadores dos estados e anunciar muito em breve novas medidas de incentivo para acelerar o processo de interiorização. Ele admitiu que é preciso focar mais neste processo, além do ordenamento na fronteira e ações de acolhimento, mas defende que a mobilização é complexa e que as decisões não são tomadas somente pela Presidência da República.

“O processo de interiorização implica no compartilhamento entre Governos Federal e Estaduais. O Governo Federal não tem condições de impor a um determinado estado que ele assuma um determinado imigrante. Muitas vezes falta trabalho e uma possibilidade de acolhida naquela região. Não é simplesmente despejar as pessoas, se não é só colocar um problema de um lugar para outro”, frisou Jungmann.

Décimo abrigo terá capacidade para 600 pessoas

Atualmente, o Governo Federal mantém, através da Operação Acolhida, nove abrigos com capacidade de atendimento a 4.400 imigrantes, sendo a maioria deles concentrada em Boa Vista.

O décimo abrigo, também na Capital, está previsto para ser entregue nos próximos dias pelas Forças Armadas com a capacidade para cerca de 600 pessoas. Outro deve ser criado, entre Boa Vista e Pacaraima, para ser utilizado como um espaço de curta temporada, ou “abrigo de passagem” voltado para quem tem interesse em participar do processo de interiorização.

A ideia é que este local não fique muito próximo à fronteira de Pacaraima, justamente para evitar a maior concentração de pessoas naquela região, um dos motivos pelo qual houve conflito no último final de semana. (P.C.)

Ele disse ainda que mais 60 homens da Força Nacional estão vindo por via terrestre e  trazendo 16 veículos para atuar no patrulhamento da fronteira demais localidades que houver demanda. 

“Estamos com  45 estações de atendimento para agilizar o trabalho de documentação. Está ocorrendo ainda o reforço da atuação da Policia Federal (PF) com o envio de  mais R$ 2 milhões. Temos ainda três mil entre homens e mulheres do Exército Brasileiro por meio da operação Acolhida,  154 da Força Nacional, 146 da Polícia Federal, desses 44 estão na fronteira e  86 homens da Polícia Rodoviária Federal (PRF), divididos entre Pacaraima e demais cidades de Roraima”, adiantou a autoridade ministerial.

Ainda conforme informações de Raul Jungmann estão sendo trabalhados eixos de ação na fronteira que envolvem: ordenamento que é feito pelas Forças Armadas e os abrigos que hoje segundo ele, estão com uma capacidade de atendimento de mais de  4 mil vagas.

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