A falta de limpeza e a péssima estrutura física da única maternidade pública do Estado, o Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, localizado no bairro São Francisco, zona Norte, tem sido reclamação constante de pacientes e acompanhantes naquela unidade. Na tarde de ontem, a Folha recebeu uma denúncia de que pacientes estariam sendo acomodadas em leitos em condições insalubres. Conforme o eletricista Rodrigo Fernandes, 37 anos, sua esposa, a atendente de loja Liane Jane Ferreira, 20 anos, passou por dificuldades no momento do parto do filho do casal.
“Minha esposa deu entrada na maternidade às 23 horas do dia 25 de janeiro. Nisso, a unidade já estava em greve no setor da limpeza. Não fizeram o parto normal e seguraram até as 18 horas do dia seguinte para fazer uma cesariana de emergência. Nesse procedimento, ela acabou pegando uma infecção e o meu filho também. Mas acho que o caso dela foi em decorrência da sujeira do hospital”, disse.
O eletricista afirmou que, após a realização do procedimento, quando Liane foi transferida para a Ala das Rosas, ele constatou que o banheiro estava em péssimas condições de uso. “Eu já tinha reparado que estava tudo sujo quando a transferiram para a ala. O chuveiro estava com fungo, cerâmica quebrada, tampa de vaso sanitário fora do lugar. Não havia ninguém para fazer a troca de roupas de cama. Tive que ajudar uma paciente indígena a troca os lençóis, porque além de não haver uma pessoa para fazer isso, ela ainda estava sangrando”, relatou.
Inconformado com a situação, Fernandes registrou um boletim de ocorrência relatando o problema. “Chamei a polícia e fiz um boletim de ocorrência. A agente policial que atendeu o caso acompanhou a inspeção no quarto, e a enfermeira-chefe informou que não havia ninguém para fazer a limpeza do local. Quer dizer, para ter um ambiente limpo, os próprios acompanhantes é quem estão fazendo a limpeza. E ninguém da unidade, seja a direção ou mesmo os atendentes, ajudam. Por mais que os funcionários da limpeza tivessem os seus motivos para não realizar a atividade, eu acho que a vida humana tem que estar em primeiro lugar”.
Depois que a denúncia chegou à imprensa, o eletricista afirmou que houve uma pequena mudança na limpeza do ambiente. “Depois que eu levei a denúncia ao conhecimento de um veículo de comunicação, a direção recrutou uma equipe para fazer a limpeza nos leitos. Mas esse trabalho não é contínuo, ou seja, em dias alternados, o que não resolve a situação”, disse.
SESAU – Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) informou que a empresa Vale, que presta serviço de limpeza no hospital, possui faturas em atraso deixadas pela gestão passada, dívidas estas que estão em processo de auditoria, uma vez que o governo anterior deixou dinheiro em caixa para quitação.
A gestão atual afirmou que está com o pagamento atualizado, uma vez que a fatura referente ao mês de janeiro foi paga na sexta-feira, no montante de aproximadamente R$ 310 mil. A Sesau frisou que a empresa havia se comprometido a continuar prestando o serviço, uma vez que o contrato continua vigente, ressaltando ainda que, caso o serviço continue suspenso, a empresa poderá ser advertida e até acionada juridicamente.
Em relação a possíveis infecções, a direção da unidade informou que normalmente as infecções de mães e de crianças são ocasionadas por bactérias provenientes da própria mãe. “De todo modo, a Ouvidoria da unidade está à disposição da população para receber todas as denúncias, reclamações ou sugestões”, frisou. (M.L)
Cotidiano
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