O deputado federal Remídio Monai (PR) recebeu uma mensagem de uma moradora de Pacaraima que pedia ajuda da Câmara Federal no sentido de fazer algo para aliviar a dramática situação vivenciada pelos brasileiros que moram naquela cidade fronteiriça com a Venezuela.
Remídio levou a mensagem ao presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que sensibilizado com os fatos narrados prometeu ao parlamentar roraimense que tomaria para si a tarefa de ajudar o povo da fronteira.
Em conversa com a Folha, Remídio explicou que o Governo Federal deixou Roraima a míngua nessa questão da crise venezuelana. “A Venezuela, de certa forma, está empurrando o problema social deles para cá, para nós e o Governo Federal paga de bonzinho com os outros países e se omite e deixa Roraima ao Deus dará, para que se vire com essa quantidade de migrantes chegando aqui”, analisou.
Remídio fez uma retrospectiva das ações empreendidas na busca de uma solução para a crise migratória em Roraima e disse que encampou uma incansável luta no Congresso Nacional, a fim de minimizar os efeitos da crise humanitária instaurada em Roraima.
O parlamentar salientou que, nos últimos anos, foram inúmeras audiências, reuniões, requerimentos protocolados, pronunciamentos proferidos, além de deliberações nas Comissões temáticas do Congresso Nacional sem nenhum resultado efetivo por parte do Governo Federal. “Desde o ano de 2016, venho de forma insistente cobrando e questionando a omissão do Executivo Federal quanto a sua responsabilidade no acolhimento aos imigrantes venezuelanos, além do controle policial e sanitário na fronteira”, argumentou.
Monai ressaltou que, em 2017, diante do agravamento da situação, reportou toda a complexidade aos órgãos federais competentes, expondo a preocupação quanto à falta de infraestrutura e segurança no estado. No dia 23 de abril de 2017, o deputado utilizou a tribuna, na Câmara dos Deputados, para relatar a dificuldade do estado em absorver este quantitativo de estrangeiros e o impacto que a situação representa nas áreas essenciais como saúde, educação e segurança.
“Em 2017, explanei do caos social em Roraima com o crescimento do fluxo de imigrantes venezuelanos, na XLVI sessão ordinária do Parlamento do Mercosul (Parlasul), realizada em Montevidéu, no Uruguai. Depois usei a tribuna da Câmara dos Deputados para alertar sobre as implicações da imigração desordenada no Estado de Roraima, com o surto de novas epidemias e aumento da violência”, recordou.
O parlamentar lembrou que, em janeiro de 2018, quatro deputados federais de Roraima se encontraram com o presidente Michel Temer, em Brasília, para pedir ajuda federal ao estado no suporte aos imigrantes venezuelanos. Entre os itens, a construção de campos de refugiados, hospital de campanha e a implementação do programa de distribuição dos imigrantes aos demais entes da federação.
“Pedimos reforço para as equipes de saúde, abrigos e a colaboração de outros estados para absorver o fluxo migratório. Boa Vista não suporta mais. Está entrando gente por todos os lados. São os venezuelanos que fogem da fome, mas também há haitianos, cubanos e até muçulmanos. Há pessoas caminhando mais de 200 quilômetros na estrada de Pacaraima para Boa Vista. Temer prometeu na época um plano emergencial por parte do governo e da visita de um grupo interministerial”, disse.
Monai afirmou que,em fevereiro, reiterou o pedido para o fechamento da fronteira durante a visita da comitiva ministerial do Governo Federal a Roraima. “40 mil pessoas, a nível de Brasil, que tem 200 milhões de habitantes, não representa praticamente nada, mas quando você coloca 40 mil – e nós achamos que aqui tem umas 70 mil pessoas numa cidade de 300 mil habitantes – as praças estão tomadas, os hospitais estão tomados, então virou o caos a cidade. Nós propomos ao presidente que ele fechasse a fronteira provisoriamente e buscasse uma solução para esse problema”, destacou. “O estado não recebeu recursos para suprir a demanda na saúde, educação e segurança. O Ministério da Saúde anuncia o repasse de valores e, na verdade, está divulgando apenas os recursos das emendas parlamentares, que foram alocados para outros fins”, acrescentou.
O parlamentar sugeriu providências que podem ser adotadas pelo Governo Federal. Entre elas estão: federalizar o hospital de Pacaraima; dotar o sistema educacional de melhor estrutura.
“Mas, parece que mesmo diante de tantos apelos e pedidos de socorro, o governo do presidente Michel Temer prefere continuar atuando apenas com ações paliativas. Chegamos a uma situação crítica, que foi alertada por diversas ocasiões aos ministros da Justiça, da Segurança Pública, das Relações Exteriores e o Chefe da Casa Civil. Precisamos atuar no foco do problema, com o ordenamento mais rigoroso na fronteira, com controle sanitário e que o plano de interiorização dos imigrantes seja adequado ao fluxo diário de entrada no Estado de Roraima”, concluiu.