Com a fuga dos internos do Centro Socioeducativo (CSE) que haviam sido transferidos para a o prédio do Centro de Ensino e Instruções do Corpo de Bombeiros (CEIB) do bairro 31 de Março, na madrugada de ontem, 29, a insegurança de moradores voltou a virar pauta de discussão. Ao longo do dia, os internos que fugiram foram recapturados. Entretanto, a sensação de insegurança aumentou.
Sobre a possibilidade de uma transferência dos internos para outro local, a Vara da Infância e Juventude de Roraima da Comarca de Boa Vista afirmou que não irá se manifestar, e que quaisquer processos que dizem respeito ao deslocamento de internos, está ocorrendo de forma sigilosa. Até que haja alguma mudança, o bairro 31 de março continua marcado pela sua repentina mudança de hábito, na qual é comum se ver cadeados e janelas fechadas nas proximidades do CEIB.
A aposentada Maria Luiza Gomes, que mora na rua Fábio Magalhães, contou que acordou com toda a movimentação que ocorreu no local no início da manhã. Ela relatou que o susto foi tão grande que saltou de sua cama e foi correndo até a frente de sua casa apenas com um cobertor.
“Muito barulho ocorreu depois que os internos fugiram, foi um reboliço só. O bairro sempre foi muito calmo. Apesar disso, desde que os internos chegaram aqui, vemos cada vez mais carros e motos por perto durante a noite. Como todo mundo daqui do bairro se conhece, nós sempre mantemos contato e vimos um aumento nos assaltos por aqui, o que era coisa rara antes”, afirmou.
O também aposentado João de Souza, que mora na mesma rua, contou que quase não vê movimentação da Polícia Militar pelo bairro, mesmo após a transferência dos internos. Com isso, muitos dos moradores acabaram optando pela contratação de serviços particulares de segurança.
“Os bombeiros estiveram presentes aqui nos primeiros dias, o que nos deixou calmos no começo. Entretanto, após todos os ajustes serem feitos depois da transferência, eles foram embora, e só ficaram os agentes aqui. A Polícia Militar havia garantido intensificar sua rota aqui pelo bairro para evitar qualquer problema, mas quase não vemos viatura por aqui. O pessoal aqui acaba optando por alugar serviços particulares de segurança, que pelo menos são constantes”, contou.
Moradores protocolam abaixo-assinado na Vara da Infância
O autônomo Pedro José, que mora em frente ao CEIB, relatou que um abaixo-assinado foi feito pelos moradores do bairro para pedir a transferência dos internos. Ao todo, o documento tem cerca de 370 assinaturas e foi encaminhado para a Vara da Infância e Juventude, que apontou o andamento do processo como sigiloso.
“A estrutura é de sala de aula, não importa quantas reformas sejam feitas. O local não é adequado para internos. Os internos passam o dia dormindo e de noite ficam planejando fuga. Nós conseguimos ver isso daqui. Por isso o abaixo-assinado. Não tememos os menores de idade, mas sim o tipo de criminalidade que eles trazem para o bairro, com os internos estando em um lugar de tão fácil acesso”, afirmou.
O autor do abaixo-assinado, que optou por não ser identificado, afirmou que agora está contando com o trâmite do documento para sensibilizar a Vara da Infância e Juventude a decidir retirar os internos do CSE do local. “Apesar dos moradores colaborarem com as assinaturas, muitos temem fazer mobilizações por medo de represália. Até tentamos impedir a chegada deles. A decepção é muito grande com a falta de atenção entorno dessa situação toda”, disse.
SEJUC – Em nota, a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) nega que haja uma ausência da Polícia Militar no local, afirmando que a PM realiza patrulhamento ostensivo todos os dias na região. “Desde a transferência dos adolescentes, a segurança no entorno do Centro de Ensino e Instruções do Corpo de Bombeiros também foi reforçada”, ressaltou a nota. (P.B)