A recente tragédia no Rio Grande do Sul, marcada por enchentes devastadoras, já começa a mostrar seus reflexos na economia brasileira, segundo análise do economista Getúlio Cruz.
O economista aponta para duas principais dimensões dos impactos econômicos advindos da calamidade no Estado gaúcho. “O primeiro ângulo diz respeito ao desafio iminente enfrentado pelo governo, já sobrecarregado por um déficit orçamentário significativo”, explicou o economista.
“O governo terá que destinar recursos consideráveis para auxiliar na recuperação do Rio Grande do Sul, estimada em cerca de R$ 100 bilhões, porém, na minha visão, é uma estimativa subestimada”, observou Getúlio.
Ele ressalta que o desafio vai além das necessárias obras de infraestrutura. “O Estado e os municípios gaúchos não possuem capacidade financeira para arcar com os custos da reconstrução. Portanto, o governo federal terá que intervir para evitar a ampliação do déficit público e o agravamento da crise econômica”, acrescentou.
Além disso, o Rio Grande do Sul, importante produtor de grãos no país, enfrentará dificuldades na recuperação das áreas afetadas pelas enchentes. “Isso certamente impactará o crescimento do agronegócio, refletindo tanto nas exportações quanto no mercado interno”, afirmou o economista.
“A redução das exportações de grãos contribuirá para desequilíbrios no balanço de pagamentos, enquanto a escassez de produtos agrícolas no mercado interno poderá pressionar a inflação”, acrescentou.
Mas como esses impactos chegarão a Roraima?
Quanto ao impacto sobre Roraima, Getúlio ressalta que será indireto. “Roraima não depende significativamente do Rio Grande do Sul para abastecimento ou como mercado para suas exportações de grãos. Portanto, os efeitos diretos serão limitados”, explicou.
“Entretanto, a inflação resultante das medidas adotadas para lidar com a crise no Rio Grande do Sul pode afetar Roraima indiretamente”, destacou. “Aumentos no déficit público e a incerteza econômica gerada podem influenciar os investimentos no Brasil, impactando, consequentemente, a economia do estado”, concluiu o economista