ANA PAULA LIMA
Editoria de Cidades
Mesmo em meio a uma epidemia de sarampo, o estado de Roraima não conseguiu alcançar a meta mínima de cobertura vacinal determinada pelo Ministério da Saúde. No último sábado, 1º, os municípios que não tinham atingido os 95% da meta, realizaram um novo Dia D de vacinação após recomendação do Ministério. A capital Boa Vista teve um dos piores resultados durante toda Campanha de Vacinação e, no entanto, decidiu não aderir à recomendação.
Segundo dados do Núcleo Estadual do Programa Nacional de Imunizações (PIN) da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), em todo o estado, a cobertura vacinal contra o sarampo está com 72,26%, sendo Boa Vista e Iracema com os resultados mais baixos, com 55,31% e 42,68, respectivamente.
Dos 15 municípios de Roraima, dez conseguiram atingir a meta. Além de Boa Vista e Iracema, os municípios de Mucajaí com 59,60%, Alto Alegre com 74,55% e Rorainópolis com 89,38% também não atingiram o índice recomendado pelo Ministério da Saúde.
Já em relação à cobertura contra a poliomielite, que acontece simultaneamente, o estado está com somente 72,52% da cobertura vacinal. Dentre os 15 municípios, 11 conseguiram ultrapassar a meta. Boa Vista teve o pior resultado, com apenas 55,46%, seguida de Mucajaí com 59,60%. Iracema totalizou 62,71% e Alto Alegre teve 75,32%.
Conforme informou o Núcleo Estadual, a campanha de vacinação será prorrogada. Já a Prefeitura de Boa Vista disse que outras estratégias estão sendo preparadas para alcançar as faixas etárias alvo da campanha. (A.P.L.)
Pediatra garante que vacinas são seguras
A baixa procura por vacinas tem preocupado o Ministério da Saúde por conta da possibilidade de voltar a circular vírus de doenças infecciosas que já estavam erradicadas no Brasil. Agentes de saúde procuram realizar campanhas de vacinação e levar conscientização para os pais entenderem que a vacina é um meio importante de proteção.
Conforme explicou a pediatra Ana Carolina Brito, a vacinação é uma estratégia de saúde pública muito eficaz para o controle de doenças transmissíveis que podem trazer adoecimento grave, risco de sequelas e até a morte. Segundo a médica, não tem motivos para os pais acharem que a vacina vai causar outros tipos de complicações para a criança.
“As vacinas são produzidas a partir dos próprios agentes causadores das doenças de forma atenuada ou inativada, ao serem inseridas no paciente, estimulam o sistema imunológico e produz a proteção para a manifestação dessa doença. Elas não impedem os vacinados de desenvolverem a doença, mas se vir a desenvolver, será de forma branda e com menor risco de complicações”, disse.
Ana Carolina relembrou que graças às campanhas de vacinação, muitas doenças foram erradicadas do país, o que ressalta a importância de ter a proteção vacinal.
“Muitos pais não estão sensibilizados com a situação por alguns motivos: o fato de ser injetável, o que assusta crianças e as fake news que se difundem nas redes sociais informando que as vacinas foram elaboradas para exterminar a população”, completou.
A pediatra apontou que a interpretação que as vacinas também servem para adoecer as pessoas e incentivar o lucro da indústria farmacêutica também estão entre os mitos que aumentam o descaso para a população não fazer o uso vacinal, ainda mais incentivadas pelo fato do uso não ser obrigatório.
“Há pequeno grupo de pacientes que apresenta reações vacinais, o que assusta muito os pais, como febre e alterações do comportamento, irritabilidade ou sonolência. Pacientes com alergia ao leite e ao ovo devem ser vacinados nos centros de referência de imunobiológicos especiais, pelo risco aumentado de reações graves”, afirmou.
Pacientes portadores de problemas no coração, problemas pulmonares, prematuros e soropositivos também devem receber vacinas especiais. Gestantes devem ser vacinadas para proteger seus bebês antes mesmo do nascimento.
A médica acredita que a necessidade de esclarecimento sobre as campanhas vacinais precisam acontecer para ter uma compreensão maior da importância da prevenção. As ações poderiam ser feitas dentro das escolas, debatendo o tema com as crianças e também ter mais oferta de vacinas nas próprias escolas. (A.P.L)