A Escola Crisotelma Francisco de Brito Gomes formou a sua primeira turma. Foram apenas quatro alunos, três do fundamental básico e um do fundamental médio. Por trás das grades da Cadeia Pública de São Luiz, o cenário começa a mudar graças ao projeto de levar alfabetização e ensino dentro das unidades prisionais de Roraima.
Com a sede em Boa Vista, a escola funciona em São Luiz como uma extensão, oferecendo aulas do fundamental menor, do 2º ao 5º ano, fundamental médio, do 6º ao 9º ano, e o ensino Médio. Além do atendimento feito na Cadeia de São Luiz, a escola também leva o projeto para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) e a Cadeia Feminina, em Boa Vista.
“A intenção era levar para todas as unidades. Temos todos os professores e todas as disciplinas para compor as aulas. As aulas são ministradas todos os dias no pátio, onde separamos eles por modalidade de cada série”, disse a coordenadora da escola, Andreia Rolis.
Por parte dos alunos, a aceitação da introdução da escola foi a melhor possível. Com o ensino, os detentos puderam diminuir o tempo ocioso e passaram a ter mais dedicação aos estudos, principalmente para a leitura de livros. “Esses que se formaram agora já estão com planos de ensino superior, inclusive o promotor da comarca deu todo apoio e falou que eles poderiam ser liberados para prestar vestibular em faculdade à distância”, relatou.
No começo, os professores encontraram algumas dificuldades por falta de materiais suficientes para os detentos, como cadernos e lápis e, para realizar as aulas, resolveram fazer uma cota e comprar o que faltava. Depois a escola passou a receber apoio das Secretarias de Justiça e Cidadania (Sejuc) e de Educação e Desportos (Seed), que realiza a compra dos materiais escolares.
“Lá dentro eles têm também um trabalho superinteressante, que é um grupo teatral formado e organizado por eles, chamado Hebreus 11. No dia da colação de grau, eles apresentaram uma peça linda que é geralmente voltada para o gospel, mas tem também atos de comédia”, relembrou a coordenadora.
Depois de concluírem o ensino médio, os presos receberão certificado com validação do Ministério de Educação (MEC), que dará a possibilidade de continuarem encontrando outros meios dentro da aprendizagem. “Temos 23 alunos e eles são muito motivados e aplicados. Por exemplo, pegamos alunos que nem sabiam ler e hoje já conseguem ler a Bíblia, então começam a colher os frutos”, contou.
Além das atividades na unidade prisional, os detentos também realizam ações de limpeza dentro das escolas municipais para manterem a proatividade. A previsão é que no final do segundo semestre desse ano novas turmas devem ser formadas dentro da Cadeia Pública de São Luiz. (A.P.L)