A expressão “Anarriê” é amplamente conhecida e utilizada no contexto das festas juninas no Brasil. Originada do francês “en arrière”, que significa “para trás”, ela é uma das várias chamadas utilizadas nas danças típicas dessas festas, como a quadrilha. Durante a quadrilha, o marcador (ou marcador de quadrilha) orienta os casais sobre os passos e movimentos que devem executar, e “Anarriê” é usada para indicar que os dançarinos devem se mover para trás.
Outras expressões semelhantes e também derivadas do francês incluem “balancê” (balancear), “avançar” (mover-se para frente), e “cambalhota” (girar). A incorporação dessas palavras ao vocabulário das festas juninas reflete a influência das culturas europeias nas tradições brasileiras.
Origem
De acordo com especialista do CEUB, símbolos do paganismo e santos do cristianismo se misturam em festa que remete à fecundidade do solo
Tradicionalmente conhecidas como celebração das colheitas, as festas juninas disputam com o Carnaval o posto de época mais aguardada do ano no Brasil. Com datas que remetem aos santos juninos – Santo Antônio (dia 13), São João (dia 24) e São Pedro (dia 29) –, essas festividades são marcadas por muita música e dança, comidas e bebidas típicas, decoração com bandeirinhas coloridas e fogueira. Scarlett Dantas, professora de História do Centro Universitário de Brasília (CEUB), explica a origem das festas juninas, seus significados e símbolos na história.
Qual é a origem das festas juninas e como elas chegaram ao Brasil?
Segundo Scarlett Dantas, as “Festas Joaninas”, com essa nomenclatura, surgiram no período medieval, embora seus antecedentes remontem à Antiguidade, quando ocorriam festividades rurais e pagãs celebradas no solstício de verão, no hemisfério norte, a partir de 20 de junho.
“Estas festas estavam associadas aos eventos celestes e à influência destes no ciclo produtivo agrário. Nelas se manifestavam os desejos de bons tempos para as próximas plantações. Seus ritos eram oferendas para os deuses relacionados à fecundidade e fertilidade do solo (Tamuz e Isthar para os sumérios, Osíris para os egípcios, Adônis para os gregos e romanos, Astarte para os fenícios)” explica.
As celebrações permaneceram ao longo do tempo e foram se adaptando a novas realidades culturais, perpassando o Império Romano até sua fragmentação e sendo incorporadas na realidade do ocidente medieval e, assim, associadas ao nascimento de São João Batista.
“Elas chegaram ao que hoje entendemos como Brasil por meio da colonização portuguesa, iniciada no século XVI, e foram uma das festas mais bem recebidas pelos povos nativos que aqui habitavam” finaliza.