A Secretaria Estadual de Cultura e Turismo (Secult) confirmou nesta quinta-feira (13) o adiamento do show da cantora alagoana radicada no Pará, Manu Bahtidão. A artista de 38 anos receberia R$ 650 mil para se apresentar no dia 26 de junho, durante o São João do Anauá, sendo o maior cachê do arraial.
Conhecida por canções como Daqui Pra Sempre, ouvida mais de 336 milhões vezes no YouTube, a cantora soma mais de um bilhão de visualizações em seu canal na plataforma. No Spotify, ela reúne mais de nove milhões de ouvintes mensais.
Em nota, a Secult explicou que trazer a cantora para o Estado demandaria logística específica, como fretamento aéreo da equipe dela, considerando a apertada agenda de Manu e a complicada malha aérea na região. A pasta prometeu divulgar a nova data em breve.
“O contrato incluiria, além dos custos da apresentação, valores relativos ao fretamento de aeronave, pois a artista já teria shows agendados em data anterior e posterior à apresentação em Roraima, demandando logística específica para tal, uma vez que a nossa malha aérea se apresentou incompatível para a agenda anteriormente prevista”, completou.
A Secult se refere aos shows de Manu Bahtidão marcados para cidades de 3,5 a 5 mil quilômetros distantes de Boa Vista: Grajaú (MA), no dia 25, e em Mineiros (MG) e Ilhéus (BA), ambos no dia 27. Conforme a proposta de preços apresentada pela artista, o fretamento custaria R$ 76,5 mil – valor incluído no cachê completo.
A Controladoria-Geral do Estado (CGE), órgão responsável pelo controle interno estatal, avaliou que pagar R$ 650 mil para trazer a cantora é “excessivo”. Apesar disso, o secretário estadual de Cultura e Turismo, Jaffé Oliveira, chegou a autorizar o prosseguimento da contratação do show da artista.
No dia 29 de maio, a CGE emitiu parecer em que identifica cinco irregularidades nas documentações relacionadas à contratação, incluindo o valor da proposta de preços que, na opinião do órgão, “encontra-se excessivamente elevado em relação aqueles praticados no mercado”.
A CGE se refere a shows realizados pela cantora em 2024 nos municípios de Itarema (CE) por R$ 300 mil, Uruaçu (GO) por R$ 350 mil e Porto Alegre do Norte (MT) por R$ 390 mil. O órgão enfatiza que, apesar disso, Jaffé autorizou prosseguir com a contratação “assumindo toda responsabilidade”.
A Controladoria fez seis recomendações à Secult, como emitir um estudo técnico preliminar e inserir a justificativa da escolha do fornecedor do serviço e do preço – ambos com fundamentação legal -, além de observar, quando contratar show nacional, se o valor da proposta está conforme os preços do mercado para evitar danos aos cofres públicos.
Um Secult depois, a pasta adequou o estudo técnico preliminar, no qual considerou contratar Manu Bahtidão por se destacar pela “excelência técnica, originalidade, criatividade e inovação em sua produção musical, apresentando composições e performances de alto nível. A banda possui também características que se alinham com o perfil do público-alvo, em termos de gênero musical e estilo”. O processo de contratação não chegou a ser concluído.