Devido ao fluxo migratório, Roraima teve um aumento de 69% de estrangeiros trabalhando no mercado formal no Estado no segundo trimestre de 2018. O estado também aparece em quarto lugar no ranking nacional com a maior presença de estrangeiros em serviço, atrás apenas de São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Segundo levantamento do Ministério do Trabalho (MTb), na avaliação de abril a junho deste ano, foram 542 estrangeiros contratados e 260 demitidos, deixando um saldo de vagas positivo de 282 estrangeiros inseridos no mercado de trabalho em Roraima. Os dados apontam um aumento quando comparados com o mesmo período do ano passado, quando foram contratados 304 e demitidos 138, deixando um saldo de vagas de 166.
São Paulo aparece com um saldo de vagas de 592, Paraná com 584 e Santa Catarina com 338. O Amazonas obteve o maior crescimento do país no saldo de vagas, de 280% comparado com o ano passado. Vale lembrar que o estado também recebeu estrangeiros da Venezuela.
Boa Vista também apresenta saldo positivo nas contratações
Analisando somente a movimentação de trabalhadores migrantes no mercado de trabalho formal nos principais municípios do país, Boa Vista aparece em segundo lugar no saldo de vagas de permanência de estrangeiros no serviço.
De abril a junho deste ano, foram 499 estrangeiros admitidos e 245 demitidos na Capital, deixando um saldo de vagas de 254. No ano passado, foram 286 admitidos e 127 demitidos, resultando em um saldo de 159, ou seja, um aumento de 59% de um ano para o outro.
Acima de Boa Vista está apenas São Paulo, com 1.373 admissões e 1.091 demissões, resultando em um saldo de 292. O Amazonas aparece novamente com o maior crescimento, já que a capital Manaus teve um aumento de 287% de um ano para o outro, passando de um saldo de vagas de 40 para 155.
Dados são referentes à pesquisa sobre a movimentação do trabalhador imigrante no mercado de trabalho, de abril a junho de 2018, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e emissão da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS). O levantamento das informações é feita pela Coordenação Geral de Estatísticas do Trabalho (CGEst) do MTb.
Haitianos são os mais contratados
O número de admissões e demissões também resultou em um saldo de vagas positivo para venezuelanos e um índice 170% maior quando comparado com o mesmo período do ano passado. Em 2017 foram 535 admissões e 239 demissões, resultando em um saldo de 296 venezuelanos no mercado de trabalho. Já em 2018 o número de admissões saltou para 1.366 e de demissões para 564, deixando um saldo de 802 imigrantes da Venezuela em serviço.
Apesar do crescimento, os trabalhadores da República do Haiti continuam sendo os principais executores de serviço no Brasil, com 5.335 admitidos e 3.867 demitidos, deixando um saldo de 1.468 em trabalho no segundo trimestre de 2018. O total de estrangeiros contratados e que permaneceram no seu cargo de trabalho foi de 2.406.
Número de carteiras de trabalho para venezuelanos aumentou 300%
Considerando que o número de contratação de estrangeiros aumentou em Roraima e no país em geral se dá por conta da migração em massa de refugiados venezuelanos, vale ressaltar que o número de Carteiras de Trabalho e Previdência Social emitidas para venezuelanos no Brasil aumentou 304% em um ano, segundo dados do MTb. No segundo trimestre de 2017, eram 2.205 documentos e agora, no final de junho, foram contabilizados 8.910.
O aumento também influenciou no crescimento total de carteiras emitidas, já que em 2018 já foram emitidas 16.255 contra 9.172 em 2017. Além dos venezuelanos, os documentos emitidos para haitianos também aumentou 30%, passando de 2.756 em 2017 para 3.603 em 2018.
No primeiro trimestre, de janeiro a março deste ano, foram emitidas 3.853 carteiras de trabalho a venezuelanos. Na época, foram 11.160 documentos emitidos para estrangeiros, principalmente haitianos e venezuelanos, seguidos de cubanos, argentinos e bolivianos.
Estrangeiros trabalham em açougues e matadouros
Analisando o perfil dos estrangeiros contratados, pode-se dizer que a maioria é formada por pessoas com ensino médio completo, tendo como principal ocupação o trabalho de alimentador de linha de produção, ou seja, os serviços de produção em série como fábricas de montagem de veículos.
Segundo o MTb, dos 2.406 estrangeiros que permaneceram no seu local de trabalho no segundo trimestre de 2018, a maioria dos admitidos tem ensino médio completo (1.259), seguido de ensino fundamental completo (340). Aqueles que têm ensino superior completo são poucos (142), mas ainda assim bem acima dos considerados analfabetos (60).
Além de alimentador de linha de produção (393), as principais ocupações dos estrangeiros admitidos são de faxineiro (287), abatedor (227) e magarefe, ofício quando a pessoa é responsável pela retirada do couro e desossa dos animais em matadouros (226).
As principais atividades econômicas onde os estrangeiros estão inseridos são no abate de aves (422), frigorífico com abate de suínos (165) e limpeza em prédios e domicílios (105). (P.C.)