Junho é marcado por duas campanhas importantes na área da saúde no Brasil: o Junho Vermelho, de incentivo à doação de sangue; e o Junho Laranja, que reforça a importância da doação de medula óssea. Ambas as ações são de extrema necessidade para pessoas internadas, especialmente aquelas diagnosticadas com doenças como leucemia e anemia.
No Brasil, o índice de coleta de sangue ainda é considerado baixo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde (MS). Atualmente são coletadas aproximadamente 3,6 milhões de bolsas de sangue por ano no Brasil, o que equivale a 1,8% da população realizando doações.
Como doar sangue?
Para doar sangue, o interessado precisa ter entre 18 e 69 anos, estar em boas condições de saúde e pesar no mínimo 50 kg. Já para ser um doador de medula óssea, é preciso ter entre 18 e 35 anos, e também estar em bom estado de saúde. As doações podem ser feitas no Hemocentro mais próximo da sua região. Vale ressaltar que pessoas com doenças infecciosas ou incapacitantes, neoplasias, gestantes ou mulheres no pós-parto devem evitar realizar doações.
De acordo com o Dr. Gilberto Kobashikawa, hematologista do Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (CEJAM), a doação de sangue é um ato simples e rápido, mas que pode salvar muitas vidas. “Cada bolsa doada pode beneficiar até quatro pessoas, ajudando no tratamento de diversas condições médicas, incluindo cirurgias, acidentes e doenças”.
Para o hematologista, a falta de conscientização, juntamente com estigmas e medos, como o receio de contrair doenças, impedem muitas pessoas de doarem, mas é preciso mudar essa realidade. “A doação é um ato seguro e solidário que não tem custo algum para o doador, mas pode ter um valor inestimável para quem recebe”, destaca.
Em alguns casos, somente com a doação há chance de cura
Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) preveem mais de 11 mil novos casos de leucemia no país em 2024. Além disso, informações da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde apontam que 25% da população brasileira sofre de anemia, independentemente da origem. Em alguns casos, somente com a doação é que há chance de cura.
Anemia
Segundo o Dr. Gilberto do CEJAM, a anemia ocorre quando a hemoglobina no sangue está baixa, geralmente devido à falta de algum nutriente essencial no corpo. As diferentes anemias podem surgir quando não há nutrientes suficientes como ferro e vitamina B12. Por outro lado, as leucemias são cânceres que afetam as células sanguíneas da medula óssea. Pessoas com esses quadros, na maioria das vezes, precisam recorrer aos bancos de sangue e medula óssea.
O hematologista explica que essas são as principais doenças que necessitam de doação. “Pacientes com plaquetas baixas em razão da quimioterapia, falência medular, entre outros motivos, podem necessitar de transfusão de plaquetas, por exemplo. Aqueles com alteração na coagulação sanguínea, associada a sangramento, podem necessitar de transfusão de plasma. Há diferentes casos, que também dependem dessa ajuda”, informou.
Medula óssea
Com relação à medula óssea, Gilberto explica que ela é responsável pela produção de células sanguíneas, tais como hemácias, plaquetas e leucócitos. As doações podem beneficiar não apenas pacientes diagnosticados com leucemia, mas também uma variedade de outras condições. “Os pacientes com anemia aplástica ou síndrome mielodisplásica podem necessitar de um doador de medula óssea, pois a medula óssea desses pacientes não é mais capaz de produzir esses componentes do sangue de forma adequada”, ressalta o Dr. Gilberto.
O especialista explica que, em muitos casos, o transplante de medula óssea é a única maneira de alcançar a cura. As doações, tanto de sangue como de medula, são vitais para salvar vidas e proporcionar esperança a muitas famílias, uma vez que, através delas, muitas pessoas têm a possibilidade de se recuperar de quadros graves.
“Quando não há um doador compatível na família do paciente, é necessário buscar doadores não aparentados por meio do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME). Quanto maior o número de doadores cadastrados, maiores são as chances de encontrar alguém compatível”, reforçou.