SAÚDE INDÍGENA

UBSI de Auaris é reinaugurada e promete atender mais de cinco mil yanomami

Unidade recebeu investimento de 400 mil euros da organização internacional não-governamental Médicos Sem Fronteiras

Cerimônia de inauguração da UBSI Auaris, na Terra Indígena Yanomami (Foto: Ministério da Saúde)
Cerimônia de inauguração da UBSI Auaris, na Terra Indígena Yanomami (Foto: Ministério da Saúde)

O governo federal reinaugurou nessa segunda-feira (18) a Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) da região de Auaris, no território Yanomami. O Ministério da Saúde não detalhou quanto investiu no empreendimento. A reforma e ampliação da unidade recebeu 400 mil euros da organização internacional não-governamental Médicos sem Fronteiras, e vai beneficiar mais de cinco mil indígenas.

O valor equivalente a R$ 2,3 milhões inclui materiais e equipe com mais de 50 profissionais, incluindo coordenador, responsável de água e saneamento, arquiteto, engenheiro, supervisor de obras, eletricista, marceneiros, carpinteiros e ajudantes da comunidade.

O espaço passou a ser composto por um bloco onde são realizados atendimentos ambulatoriais, ala para internação, consultório de saúde mental, laboratório para microscopistas, farmácia, além de alojamentos para os profissionais de Saúde.

Cerimônia de inauguração da UBSI de Auaris, na Terra Indígena Yanomami (Foto: Diego Baravelli/MSF)

Segundo o MSF, o projeto é baseado na realidade local, que prioriza a energia solar e a ventilação natural, e usa a água captada de rios – reutilizada na irrigação de bananeiras. Do planejamento à execução, a estruturação foi feita em conjunto com as comunidades da região, que optaram por redes em vez de camas hospitalares, e espaços onde podem ser acesas pequenas fogueiras na área de internação.

De janeiro a maio de 2024, a UBSI realizou mais de cinco mil atendimentos, incluindo busca ativa, diagnóstico e tratamento da malária e em cuidados de saúde básica – que incluem atendimentos de doenças respiratórias e de fraturas.

“Sempre que possível, o ideal é tratar as pessoas na própria Terra Indígena Yanomami por inúmeras razões, inclusive culturais. Acreditamos que a ampliação da UBSI é fundamental para a melhoria da saúde da população indígena”, explica a coordenadora do projeto de MSF em Roraima, Daniela Cerqueira.

Além de indígenas yanomami e sanöma, o evento contou com o secretário nacional de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, e o coordenador distrital de saúde indígena yanomami Marcos Pellegrini, e o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami. “Um ato construído a partir da parceria entre Médicos sem Fronteiras e Sesai/Dsei-YY buscando o bem-estar da população local”, definiu Hekurari.

“Enquanto secretário, falei sobre a importância da parceria e dessa entrega no resgate à saúde dos povos indígenas locais, que agora terão diversos tipos de atendimentos sem a necessidade de deslocamento, incluindo atendimentos de emergência moderada e grave”, explicou Tapeba.

“A crise yanomami tem muitos fatores, digo sempre que a saúde é a ponte de iceberg, os problemas são de ordem do garimpo, de ordem da desorganização social que causou esse problema no Estado, mas estamos avançando em uma ação coordenada do governo federal”, afirmou a ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante entrevista coletiva em Boa Vista, ao citar a UBSI.