Cotidiano

Governo brasileiro mandará vacinas para rebanho da VE

Ao todo, 21 milhões de doses da vacina contra a febre aftosa serão enviadas para o país vizinho, sendo 600 mil para Bolívar

Em coletiva realizada ontem, 6, o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Guilherme Marques, afirmou que o Governo Federal pretende mandar 21 milhões de doses da vacina contra a febre aftosa para a Venezuela, que já fará parte do circuito da campanha de vacinação de 2019. Só para o estado que faz fronteira com Roraima, Bolívar, serão 600 mil doses.

A medida demonstra a preocupação que o Ministério possui de que a doença volte a se alastrar no Brasil, uma vez que a Venezuela não possui um diagnóstico sobre ela e sua volta ao Brasil poderia prejudicar a credibilidade do país para a exportação de carne bovina. Roraima foi o último estado brasileiro reconhecido como livre da doença, em abril deste ano. 

“Não sabemos se existem focos da doença ou se está ocorrendo um surto por lá. Os venezuelanos não possuem registro da febre aftosa dentro do sistema implantado, que carece de melhorias nos diagnósticos. Então, não basta eles dizerem que não possuem a doença. É preciso uma prova, pesquisa, prevenção, toda uma série de medidas que garantam isso. E é isso que estamos propondo, para que o Brasil garanta seu status de livre da doença e, de quebra, também ajude a Venezuela nesse processo”, explicou Guilherme.

O acordo entre os dois países foi selado após uma série de reuniões entre lideranças da área pecuária, no município de Pacaraima, iniciadas na quarta-feira, 5. Ao todo, 36 autoridades participaram dessas reuniões, entre membros do Governo Federal, da República da Venezuela e de iniciativas privadas entre ambos os países.

Dentre os termos que foram acertados, destacam-se a ida de técnicos brasileiros para a Venezuela, com finalidade de atualizar os registros do país, a vacinação de rebanhos nos municípios de Pacaraima, Gran Sabana e Sifontes e a criação de uma barreira sanitária no Estado de Bolívar, que faz fronteira com Roraima. Todas essas atividades irão começar em outubro. 

Guilherme Marques destacou que o Brasil será uma espécie de agente fiscalizador, que ajudará nos registros e diagnósticos da doença, e a Venezuela será um executor da aplicação das doses e divulgará amplamente as ações.

“Toda coleta de sangue será analisado em território brasileiro. Cada ação que a Venezuela for fazer será em ação conjunta conosco. Trabalharemos juntos, mas cada um com sua responsabilidade. Eles divulgarão e distribuirão, nós estaremos fiscalizando e fazendo estudos, garantindo a vigilância da doença”, informou.

O diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento também afirmou que a intenção é que os próximos ciclos de vacinação no Brasil sejam os últimos para os estados do Norte e Nordeste. Para Roraima, está previsto que o último ciclo de vacinação seja em 2020. A Venezuela terá ciclos de vacinação até 2024. 

“Não queremos implicar que a Venezuela é incompetente para erradicar a doença. Muito pelo contrário. O efetivo de veterinários deles é fantástico, fiquei até surpreso com o quão inteligentes e profissionais são. Porém, faltam recursos e eles precisam de ajuda. Esse é um ato democrático, que visa a liberdade de todo o continente da doença”, frisou o diretor. (P.B)