Equipe de 120 profissionais cuida de 28 idosos abandonados pela família

O Abrigo de Idosos Maria Lindalva Teixeira Oliveira, mais conhecido como a Casa do Vovô, atende hoje 28 idosos que foram abandonados pela família ou que sofreram algum tipo de abuso e tiveram que ser retirados do convívio dos parentes.

Unidade, mantida pelo Governo do Estado sob a coordenação da Setrabes (Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social), tem uma equipe composta por 120 profissionais em diversas áreas, para garantir os cuidados básicos e oferecer carinho aos idosos.

A Casa do Vovô é semelhante a uma residência comum. Tem sala de convívio social com TV, cozinha, refeitório, quartos coletivos, sala de fisioterapia, consultório médico, farmácia e uma varanda, onde os idosos preferem passar a maior parte do dia.

O atendimento é feito 24 horas, com uma rotina diária que inclui banho, troca de fraldas, de roupa, sessões de fisioterapia, administração dos medicamentos prescritos pelos médicos que fazem o acompanhamento na própria Casa do Idoso e refeições equilibradas, com dieta individualizada por nutricionista para as necessidades de cada interno e preparadas em ambiente salubre.

A cozinha é equipada com fogão industrial, geladeira, armários, depurador de ar. São servidas seis refeições por dia: café da manhã, lanche, almoço, lanche, jantar e ceia. Na farmácia ficam os medicamentos de cada idoso e os materiais utilizados por eles diariamente, como fraldas e luvas.

Limpeza é feita por dois profissionais de serviços gerais e a Setrabes está licitando a contratação de uma empresa especializada para reforçar o trabalho.

As visitas são permitidas e bem-vindas, geralmente no período da tarde, dependendo da rotina de cada idoso, por isso o ideal é fazer o agendamento pelo telefone 98402-4384. Esse também é o contato para quem desejar fazer doações.

Para chegar ao abrigo, o idoso passa por avaliação dos profissionais do Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e, dependendo do caso, pelo Ministério Público, que avalia a situação de direitos violados e abandono familiar dos idosos. Atualmente são 28 moradores, com idades entre 60 e 96 anos, dos quais apenas três mulheres. “São pessoas que passaram por exploração emocional ou financeira e perderam o vínculo familiar”, explica o diretor da Casa do Vovô, Ronny Vasconcelos.

Eles são atendidos por fisioterapeutas, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, farmacêutico, porteiro, cozinheiras, ajudantes de cozinha, almoxarife, motoristas, assistente administrativo, agentes sócio-geriátricos e profissionais de serviços gerais. Também são oferecidas oficinas de músicas e artes em geral e eles participam de eventos realizados por pessoas ou instituições voluntárias, como missas e atividades recreativas.

Conforme Ronny Vasconcelos, cada plantão conta com agentes sócio-geriátricos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

“Oferecemos todo o suporte para atenção integral aos idosos, tendo em vista que 20 são cadeirantes, totalmente dependentes para ações como higiene pessoal. É um trabalho que requer altruísmo e amor para cuidar de pessoas que estão em idade avançada e muito frágeis sem que haja nenhum vínculo familiar”.

Nilmarla Duarte de Araújo é uma dos 33 agentes sócio-geriátricos que trabalham na Casa do Vovô.

“Estou há cinco anos aqui no abrigo. Nosso trabalho é ajudar na alimentação e higiene pessoal dos idosos, especialmente porque alguns são totalmente dependentes dos nossos cuidados. É muito gratificante esse convívio com eles, porque passamos a ter um carinho de família”, diz. Em agosto, a equipe ganhou mais 16 profissionais, quando foram empossados os aprovados no concurso da Setrabes realizado no mês de abril.

Miguel Pereira da Silva, de 83 anos, é um dos internos. Ele nasceu no Maranhão, morou no Pará e veio passear em Roraima. Foi ficando, envelheceu sem parentes, e encontrou na Casa do Vovô o carinho e atenção para uma vida mais tranquila.

“Tentei morar sozinho aqui em Boa Vista, mas não deu certo. Se tivesse alguma emergência, não podia contar com ninguém. Vim para cá e sou bem tratado por todos. Tenho alimentação, cuidado médico. Aqui é bem melhor”, ressaltou.