PAPO DE REDAÇÃO

Único deputado monocular do Brasil, Gabriel Mota explica como perdeu a visão de um olho

Em entrevista, parlamentar ainda explicou seu posicionamento sobre o PL do Aborto, falou sobre petróleo em Roraima e ainda esclareceu por que apoia a reeleição do prefeito de Boa Vista, embora integre um partido de oposição

O deputado federal de Roraima, Gabriel Mota, é o único congressista monocular (Foto: Reprodução)
O deputado federal de Roraima, Gabriel Mota, é o único congressista monocular (Foto: Reprodução)

O deputado federal Gabriel Mota (Republicanos-RR) explicou durante o podcast Papo de Redação, do grupo Folha, como perdeu a visão do olho esquerdo. Após a morte da deputada Amália Barros (PL-MT), ele passou a ser o único parlamentar monocular do Brasil.

Ao jornalista e apresentador Lucas Luckezie, Mota lembrou que contava a Amália – que tinha 20 anos perdeu a visão do olho esquerdo em virtude de uma toxoplasmose – como ficou parcialmente cego após a amiga lhe perguntar por quais razões não seguia seu exemplo de usar, politicamente, o fato de ser monocular.

O parlamentar explicava a ela que perdeu parcialmente a visão quando tinha quatro anos de idade, após ser atacado por uma garça em uma fazenda do Município de Amajari, em Roraima. “O meu tio pegou uma garça baleada no campo e levou lá pra casa. Tava todo mundo brincando, jogando bola. Ele falou: ‘ Gabriel, vem ver a garça!’. Tava todo mundo ao redor dela, só que, como eu era muito danado, falei: ‘Olha a bichinha’. Quando eu fui pegar ela, ela furou [meu olho], o globo ocular saiu”, rememorou.

Gabriel Mota lembrou que foi transportado de avião para Boa Vista, onde recebeu os primeiros atendimentos. Depois, ele precisou passar por sete cirurgias no antigo Instituto Hilton Rocha, em Belo Horizonte, referência na oftalmologia brasileira.

“De seis em seis meses, eu ia pra Belo Horizonte fazer cirurgia. E na última, como era muito novo, diziam para não retirar o meu olho porque eu era muito novo e que a Medicina iria evoluir. Como não me lembro de como é ter a visão de dois olhos, já me acostumei. Eu só lembro que tenho um olho quando alguém toca no assunto. Tanto é que não uso lente. A Amalia dizia: ‘Gabriel, vamos botar uma prótese’ – porque ela tinha uma -, ‘lá em Campinas, que é referência no mundo”, disse ele, que confirma não se incomodar com a condição, a qual não pretende usá-la politicamente. “Mas as leis, o que as pessoas precisarem da gente, a gente tá à disposição”, completou.

O deputado também revelou que, durante a vida toda, sofreu bullying por ser monocular. “Quando alguém vem me criticar politicamente, me chamam de cego, não sei do que, mas isso eu levo de boa”, garantiu.

O parlamentar ainda lembrou da vez em que colegas do curso de Administração Pública pela UnP-RN (Universidade Potiguar) lhe perguntaram por que não usava lente. “Reuniram no final da aula, mais ou menos 20 alunos, e falaram: ‘Gabriel, a gente queria te falar uma coisa, você é um cara tão bacana, tão bonito, por que não coloca uma lente no teu olho?’ Respondi: ‘Vocês não tem o que fazer não? Deixa meu olho do jeito que tá!’. Não me incomodo com isso não. E até hoje não uso lente. Já tive várias lentes. Quando não tiver mais jeito, ai eu coloco”, explicou.

Durante a entrevista concedida nessa sexta-feira (21), Gabriel Mota ainda explicou sobre seu posicionamento a respeito do PL do Aborto, ressaltou sobre os benefícios de Roraima explorar petróleo futuramente e ainda esclareceu por que apoia a reeleição do prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique (MDB), embora integre um partido que seja de oposição ao atual gestor da capital.

Papo de Redação – 21/06/2024

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