Cotidiano

Correios passam a cobrar R$ 15 em  todas as encomendas internacionais

Despacho postal não é tributo e nem frete, tem taxa fixa e até então era cobrado apenas de pacotes tributados pela Receita Federal

LEO DAUBERMANN

Editoria de Cidade

Todas as encomendas internacionais que chegarem ao Brasil pelos Correios estarão sujeitas à cobrança do despacho postal, no valor de R$ 15. A medida está valendo desde o dia 27 de agosto. O serviço era cobrado apenas para objetos que custavam acima de U$ 50 (R$ 203) e eram tributados pela Receita Federal. Porém, com o aumento das importações, a empresa precisou injetar mais recursos na operação para manter o padrão do serviço prestado. A informação foi dada pelo superintendente regional de Operações dos Correios em Roraima, Anderson Araújo Lins.

“Desde o início do ano, a empresa já vinha estudando a possibilidade de cobrar o despacho postal. Esse valor refere-se ao recebimento das encomendas, inspeção por raio-X, formalização da importação na Receita Federal, recolhimento e repasse dos impostos à Receita, quando houver tributação, entre outros serviços”, explicou o superintendente regional.

Segundo dados da estatal, o volume de mercadorias que os Correios recebem do exterior cresceu de forma inesperada, variando entre 100 mil a 300 mil objetos/dia. Considerados estes números e um mês com 20 dias úteis, o aporte de recursos financeiros com a cobrança do despacho postal pode gerar aos cofres dos Correios entre R$ 1,5 milhão e R$ 4,5 milhão por dia, podendo chegar a R$ 90 milhões mensais. 

Valor que o superintendente Lins assegura que vai ser devolvido ao consumidor por meio de melhorias. “Esse dinheiro que está sendo arrecadado é justamente para investir em melhorias e na qualidade ao destinatário, ao cliente final. Para que a gente consiga estruturar mais ainda os Correios”, diz.

O superintendente regional não acredita que a medida vá diminuir o número de encomendas que chegam ao Brasil por meio dos Correios.

“A concorrência já cobra uma taxa três, quatro vezes maior do que a cobrada pela gente, então, quem pede por outra transportadora, que não sejam os Correios, já paga uma taxa muito superior aos R$ 15 que passou a ser cobrado agora”, destacou. “As outras operadoras logísticas conseguem oferecer um serviço com qualidade superior a nossa. Aderimos a essa taxa para, justamente, melhorar também essa questão dos serviços”, completou.

RASTREAMENTO – Agora, com a mudança, os compradores brasileiros devem acompanhar o rastreamento do objeto pela página dos Correios na internet no endereço eletrônico www.correios.com.bras/sistemas/rastreamento.

“É preciso fazer um cadastro, colocar o código da encomenda, acompanhar a entrada do objeto no país. Assim que a encomenda entrar no Brasil, ela vai ser tributada ou não e lá você consegue acessar o boleto da cobrança do despacho, paga através de cartão de crédito ou boleto bancário. Depois que o pagamento for confirmado, o produto é enviado para o destinatário”, explicou o superintendente regional dos Correios em Roraima.

Despacho postal pode afugentar comércio eletrônico

Mas, apesar de os Correios dizerem que o despacho postal não vai afetar as compras internacionais, a empresária Marina Eugênia Gomes de Almeida afirma o contrário. Ela e o marido, José Miguel Peña Finol, mantêm uma loja virtual em um aplicativo, em que o carro chefe é a venda de maquiagens e produtos de beleza. “A nova taxa nos afeta diretamente, pois hoje 70% de nossas mercadorias chegam através dos Correios”, disse.

Ela contou que o serviço de encomendas internacionais oferecido pelos Correios é um dos mais precários e reclamou do descaso no transporte das mercadorias. “Já perdi as contas do número de vezes que tivemos prejuízo com produtos danificados, por exemplo. Custo a acreditar que essa taxa vai trazer alguma melhoria”, afirmou

“Com certeza essa taxa nos prejudica diretamente e nos faz repensar quanto à importação, já que temos o aumento considerável do dólar, altas taxas de impostos, taxas dos Correios e o valor do frete em si”, desabafou. (L.D)