Com a redução do período de campanha eleitoral, de 90 para 45 dias, os candidatos precisam correr contra o tempo para divulgar suas propostas e conseguir conquistar o voto dos eleitores. Uma das formas mais clássicas de conseguir alcançar este objetivo é através do ‘santinho’, o que traz um aumento na demanda das gráficas. Em Roraima, o período traz um crescimento de 50% na produção de material.
A informação é de proprietários e empresários do ramo, que atuam há anos na produção dos materiais. No pleito atual, foi registrado ainda um crescimento de produção de santinhos, na contramão do esperado, considerando que muitas das campanhas atuais estão sendo feitas pela internet, redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas.
De acordo com o empresário Francisco Moreira, não existe demanda no setor comparado ao período eleitoral, que é considerado o ‘natal’ das empresas de material gráfico. Em comparação com um mês normal de trabalho, ele acredita que houve um aumento de 50% no lucro, por exemplo.
O arte-finalista e impressor da Editora Boa Vista, Guilherme Carvalho, concorda que o volume de trabalho é sempre maior no período eleitoral, principalmente nas eleições estaduais em comparação com as eleições municipais. “Tem um aumento de 50% na demanda. A nossa produção atual é de cerca de 300 mil santinhos por dia. É uma forma de melhorar o rendimento da gráfica”, completou.
Segundo Guilherme, os materiais mais escolhidos pelos candidatos e sua equipe são os santinhos e os produtos que esclareçam as suas principais propostas, especialmente para aqueles que estão concorrendo à reeleição. Para o impressor não há, no entanto, uma categoria de candidato que faça mais santinhos do que outra.
MERCADO VIZINHO – Por sua vez, o empresário Clóvis Ióris avaliou uma queda de mais de 50% na procura por emissão de material eleitoral, em comparação com a campanha de 2014. Ele acredita que a situação se dá por conta da concorrência do mercado vizinho, situado em Manaus.
“As pessoas têm feito bastante serviço em outros estados, foi muito material embora daqui. É mais barato pouca coisa lá, mas com o frete fica mesma coisa. Eu não sei o motivo. O pessoal não valoriza o mercado local”, criticou. “Eu até falo pro candidato pedir voto em Manaus”, completou.
Outro exemplo, segundo Clóvis, é dos candidatos que decidiram investir no segmento para reduzir custos. “Um deles trouxe uma gráfica para Roraima. Comprou o maquinário e trouxe pessoal de fora, para imprimir o material aqui. Contando isso, com os que levaram embora, vai somando e o prejuízo é muito grande”, informou.
Custo baixo e característica da região aumentam produção
Para Moreira, um dos motivos para o aumento da produção é justamente a redução do período de propaganda, aliado com o baixo custo de produção. “O tempo ficou muito limitado e o santinho é o material mais barato que tem para campanha. Automaticamente a demanda aumentou. Assim, o candidato tem a possibilidade de alcançar um número muito maior de pessoas, com um produto mais em conta”, frisou.
Essa é a mesma visão do empresário Clóvis Ióris. Ele afirma que, apesar do fortalecimento das campanhas nas redes sociais, existe ainda a característica da região, com os eleitores em Roraima mantendo o costume do material impresso.
“Acho que no Estado não tem tanta gente ligado à internet, como o resto do país. Claro que tem, mas não tantos assim. A maioria são os jovens, que não estão nem aí para a política. Os mais velhos preferem o santinho”, esclareceu. (P.C.)