Problemáticas em pontos de ônibus do campus Paricarana da Universidade Federal de Roraima (UFRR) não são recentes. Uma das principais, que diz respeito aos alagamentos que atingem esses pontos em períodos chuvosos, já existe há pelo menos dez anos, de acordo com ex-alunos.
No local, estudantes demonstraram à equipe de reportagem a insatisfação que estão sentindo com os pontos de ônibus no campus. Além de falarem dos alagamentos, muitos ressaltaram a forma irregular, com que o transporte vem cruzando o campus Paricarana, não obedecendo à grade de horários.
O acadêmico de zootecnia Pedro Feitosa relatou que para os estudantes não é tão comum o uso do ponto de ônibus recém-construído pela Prefeitura, situado ao lado do Bloco 1. Isso se deve ao fato de que ele não oferece conforto, a porta está sempre aberta, por causa da falta de um ar-condicionado, e o risco de alagamento na parte interior, dando a sensação de que a obra foi entregue pela metade.
“É muito mais frequente os alunos ficarem em frente ao Bloco 1, em bancos que ficam de frente para a rua. Os ônibus já estão acostumados a passar e pegar os estudantes nesse local. Quando chove, é comum todo mundo se deslocar para uma área ao lado, entre os blocos 1 e 2, onde tem um teto que encobre todos. Nesses casos, o motorista geralmente já sabe que isso ocorre e já vai direto para lá”, afirmou.
Um servidor público da UFRR, que optou por não ser identificado, contou que além dos alagamentos, os horários irregulares dos ônibus já ocasionaram esperas de mais de uma hora.
“Eu evito pegar ônibus. Sempre recorro ao Uber, mas quando estou sem internet, não tem como. E esse problema não se restringe à universidade, é na cidade inteira. O que sofremos aqui é um reflexo de uma má administração”, explicou.
O acadêmico de Jornalismo Ayan Ariel afirmou que essas problemáticas são tão constantes, que ele prefere ir até o ponto de ônibus situado na avenida Brigadeiro Eduardo Gomes, de frente para a entrada alternativa na universidade, do que recorrer ao ponto mais próximo.
“Não pego mais ônibus dentro da universidade. Não vale a pena quando se leva em conta tanto os alagamentos quanto os horários. Mas no fim das contas, nem fazer isso resolve direito, pois um dia desses houve uma chuva tão forte, que até mesmo o ponto de lá alagou. Assim ficamos sem saber o que fazer. Já reclamei até com vereadores sobre essa questão. Uma coisa é fato: aquele ponto de ônibus recém-construído foi deixado pela metade”, contou.
UFRR – De acordo com o pró-reitor de Infraestrutura da UFRR, Emanuel Tischer, o local escolhido para a construção da universidade é onde, geograficamente, existem maiores incidências de formação de poças, mesmo após alagamentos, devido seu relevo baixo em comparação com a média da cidade. Entretanto, ele reforçou que essa situação vem sendo contornada pela gestão, com obras de drenagem e escolhas estratégicas dos pontos de ônibus.
“Os locais que foram escolhidos para os pontos de ônibus são exatamente aqueles que observamos não ser tão afetado pelos alagamentos. Por isso, estranhamos a reclamação de alunos com dificuldades nos pontos em si. Entretanto, nós estamos trabalhando para que o deslocamento deles até o ponto seja melhorado, através de obras de drenagem que provêm de nossa parceria com a Prefeitura”, afirmou.
PREFEITURA – A Folha entrou em contato com a Prefeitura de Boa Vista perguntando sobre investimentos que estaria fazendo para contornar esses alagamentos e os horários irregulares dos ônibus, mas não recebeu resposta até o fechamento desta reportagem. (P.B)