O ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, garantiu à governadora Suely Campos que a Venezuela manterá o fornecimento de energia elétrica para Roraima e que não há riscos de cortes no suprimento, conforme ameaça amplamente divulgada pela mídia nacional no final do mês de agosto.
Na audiência realizada no início da noite de ontem, 11, em Brasília, o ministro afirmou que o governo brasileiro está tomando todas as medidas para efetuar o pagamento da dívida da Eletrobras com a Corpoelec, a estatal venezuelana responsável pelo Linhão de Guri, que fornece dois terços da energia consumida no Estado.
Em entrevista concedida ao fim da audiência, Suely Campos informou que o ministro assegurou que nunca houve notificação alguma da Venezuela sobre a interrupção do serviço e que o Ministério está fazendo tratativas que eles chamam de coordenadas bancárias para efetuar o pagamento do contrato, que só não se concretizou ainda por causa do embargo econômico imposto pelo governo americano à Venezuela, o que impede as transações financeiras por bancos sediados nos Estados Unidos, justamente a forma que vinha sendo utilizada pelo Brasil para pagar a conta de energia com o país vizinho.
A governadora Suely Campos propôs a Moreira Franco que o Brasil, por meio da Eletrobras, ofereça suporte técnico e operacional à Venezuela para a manutenção do Linhão de Guri do outro lado da fronteira, a fim de conter os vários apagões diários que afligem a população roraimense, justamente pela precariedade do sistema energético da Venezuela.
“O que realmente ocorre é a falta de manutenção de toda a rede elétrica na Venezuela”, afirmou Suely Campos, ao justificar a proposta apresentada a Moreira Franco. Conforme ela, é preciso fazer uma pactuação com o governo venezuelano para que a Eletrobras possa efetuar a manutenção “afinal de contas essa energia serve ao Brasil”.
Conforme a governadora, o ministro considerou viável a proposta desde que o governo venezuelano acate essa possibilidade.
“Essa manutenção precisa ser feita, para não voltarmos ao tempo de uso exclusivo de usinas termelétricas caras e poluentes, na contramão da história”, argumentou.
Suely Campos observou ainda que Roraima não pode prescindir da energia da Venezuela, enquanto não se resolve a construção do Linhão de Tucuruí entre Manaus e Boa Vista. A obra, que foi licitada em 2011, com previsão de ser inaugurada em janeiro de 2015, nunca saiu do papel pela recusa dos índios Waimiri-Atroari em autorizar a passagem da linha de transmissão pelos 120 quilômetros da terra indígena, embora o projeto preconize a instalação das 250 torres exclusivamente na faixa de domínio da BR-174.
“A construção do Linhão de Tucuruí é nossa luta diária. Roraima é o único estado fora do Sistema Interligado Nacional e essa unificação é essencial para garantir o desenvolvimento socioeconômico dos roraimenses”, completou.