Candidato ao quarto mandato consecutivo como senador por Roraima, Romero Jucá (MDB) enfrenta disputa acirrada para se reeleger e percorre os municípios do interior de Roraima em busca de votos. Em visita a uma comunidade indígena em Normandia, o ex-líder do governo Temer criticou o candidato Jair Bolsonaro (PSL), que lidera a corrida pela Presidência da República.
Em vídeo divulgado em rede social, Romero Jucá aparece ao lado do segundo candidato ao senado por sua coligação, o ex-governador Chico Rodrigues, e afirma aos presentes na reunião que precisa ser reeleito e voltar para Brasília para lutar contra Bolsonaro.
“Preciso estar em Brasília no próximo ano, pois se o Bolsonaro for eleito haverá problemas em Roraima. Tenho que estar em Brasília para bater de frente com ele, que quer reduzir as áreas indígenas e é preciso ter forças para ajudar as comunidades”, disse.
Sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/2000, que transfere do Executivo para o Legislativo a palavra final sobre a demarcação de terras indígenas, Romero Jucá afirmou ser contra. O texto é encarado pelos povos tradicionais brasileiros e ativistas como uma ameaça aos direitos indígenas.
“Pretendo ajudar os indígenas a melhorar de vida e ninguém tem que fazer confusão, por isso eu quero tranquilizar as comunidades”, garante.
Sobre a possível construção da hidrelétrica do Cotingo, o senador disse que é contra, pois vai gerar pouca energia e não vai resolver o problema.
Filho de Bolsonaro critica posicionamento de Jucá
Logo após a publicação do vídeo com o senador Romero Jucá afirmando que vai lutar contra Bolsonaro, o filho do presidenciável, Eduardo Bolsonaro, que é candidato a deputado estadual por São Paulo, disse que a divisão da sociedade interessa a certos grupos.
“Interessa a esse tipo de político, que joga uns contra os outros e depois surge para resolver o problema, afirmando que vai defender determinada minoria e abocanha os votos”, disse.
Jucá rebate críticas
Procurado pela Folha, Romero Jucá deu as seguintes explicações por meio de nota:
“Meu posicionamento discordante do candidato Jair Bolsonaro é pontual e específico em relação a esse tema, porque o presidenciável não conhece a fundo a realidade de Roraima. Porém, concordo com outras propostas já apresentadas por Bolsonaro que atendem às necessidades do país e do estado”.
O senador esclareceu que sua fala gravada em uma reunião com indígenas e divulgada nas redes sociais é relacionada única e exclusivamente à discussão política de um assunto levantado pela própria comunidade, comportamento típico de um ambiente democrático em especial do Congresso Nacional, onde deputados federais e senadores têm a responsabilidade de discutir, analisar e fiscalizar as propostas e decisões do Governo Federal.
“Sou parlamentar que mais tem trabalhado pelo desenvolvimento do estado, apoiando a agricultura familiar, o agronegócio e a produção nas comunidades indígenas. Por meio da minha atuação parlamentar, foram garantidos recursos para melhorar o atendimento em saúde nas comunidades; pontos de conexão de internet; sistema de abastecimento com água encanada; instalação da Casai própria do Distrito Leste; inauguração do Polo Base de Saúde na Raposa Serra do Sol, patrulha mecanizada e a ampliação do projeto de bovinocultura indígena que garantiu pela primeira vez, o atendimento a todas comunidades indígenas do estado”, explicou a nota.
INDÍGENAS – O senador afirma que é autor do projeto de Lei do Senado nº 124/2018, que propõe a criação da Secretaria Especial de Educação Indígena. A proposta é que o Governo Federal assuma essa responsabilidade, viabilizando investimentos na melhoria das escolas, remuneração dos professores, transporte escolar, merenda e do currículo educacional, fatores importantes para dar qualidade ao ensino indígena.
Sobre as Terras Indígenas, Jucá disse que já manifestou publicamente que é contra qualquer proposta que venha gerar alteração nas reservas indígenas já demarcadas.
“Isso, se acontecesse, mergulharia Roraima num clima de confronto que não é bom para ninguém. O momento é de paz e de promover o desenvolvimento às comunidades indígenas que são parte do estado de Roraima”.
HIDRELÉTRICA – Jucá disse que não considera viável a construção da Hidrelétrica de Cotingo porque esta obra tem um alto impacto social, ambiental e gera pouca energia, não atendendo as necessidades de Roraima.
“Trabalho fortemente pela construção do Linhão de Tucuruí. Para a região, apoio a produção de energia eólica e solar, já existindo estudos de viabilidade para a produção desses tipos de energia”, concluiu em nota.
Jucá aparece em segundo nas pesquisas
Para se eleger senador por Roraima, são necessários entre 100 mil e 150 mil votos. Mesmo tendo que conquistar um eleitorado relativamente pequeno (em 2010, conquistou 118 mil votos), Jucá encara uma disputa ferrenha este ano. São onze candidatos para as duas vagas.
Segundo a pesquisa Ibope divulgada em 17 de agosto, ele aparece em segundo, com 25% das intenções de voto, numericamente atrás, mas tecnicamente empatado com Mecias de Jesus (PRB), que detém 26% das intenções. Na liderança, Ângela Portela (PDT) aparece com 30%. O páreo segue embolado na sequência, com Chico Rodrigues (DEM) e Luciano Castro (PR), cada um com 21% das intenções de voto.
A margem de erro da pesquisa é de três pontos para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral com o número RR-03241/2018.