Cotidiano

Sem-tetos protestaram em frente à PMBV

Manifestantes foram pedir explicação sobre a forma como famílias foram retiradas de área e questionar propriedade da área

Famílias de sem-tetos, que ocuparam, no final de semana, uma área de terra próxima à lagoa de estabilização, no bairro Araceli Souto Maior, zona Oeste, foram para a frente da Prefeitura Municipal de Boa Vista, no bairro São Francisco, zona Norte, na manhã de ontem, protestar pela forma que foram retiradas do local. As pessoas exigiram explicação sobre a desocupação de 320 famílias que haviam se estabelecido nas terras e que, conforme documento apresentado por elas, comprovaria que a área pertence à Diocese de Roraima.
Os manifestantes fazem parte de uma associação chamada Nova Vida. Eles disseram que fiscais da Emhur (Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional) foram ao lugar da invasão mandando as famílias se retirarem das terras sob a alegação de que a área pertencia à Prefeitura. Foi quando um dos representantes da associação os questionou sobre algum documento que pudesse comprovar o que eles disseram.
Conforme o relato, os fiscais foram embora, mas retornaram depois com a Guarda Municipal e a Polícia Militar, dizendo novamente aos ocupantes que eles deviam sair do local. Como os invasores resistiram, pois os agentes não haviam apresentado nenhum documento, policiais e guardas começaram a derrubar os barracos, teriam agredido uma idosa e uma mulher grávida com uma pistola de choque.
A associação resolveu apoiar as 320 famílias pelo fato de elas não terem condições de reivindicar um lugar para morar. “Nós só queremos moradias para estas famílias. O que são 320 casas em vista de 5 mil que a prefeita prometeu entregar, em época de campanha política na eleição municipal?”, questionou um dos membros da associação.
Conforme os representantes da Nova Vida, todas as pessoas que estavam na área ocupada, perto da lagoa, puderam comprovar, por meio de certidão negativa do cartório de imóveis, que não possuem casa em seus nomes.
A maior parte dos ocupantes dos lotes é comporta por domésticas, auxiliares de pedreiros, auxiliares de cozinha e autônomos. Poucos possuem carteira assinada, por isso não possuem renda suficiente que consiga custear a compra de um imóvel. “Infelizmente, aqui em frente da Prefeitura não estão presentes as 320 famílias, porque não temos carro nem dinheiro para garantir transportar todos”, lamentou o representante da entidade.
Os ocupantes exigiam, na manifestação, satisfações quanto à forma que se deu a desocupação e por que a fizeram, já que não consta nenhum documento no Cartório de Imóveis confirmando que a área em questão pertenceria à Prefeitura de Boa Vista.
PREFEITURA – A Folha entrou em contato com a Secretaria Municipal de Comunicação da Prefeitura para questionar sobre a situação de desocupação realizada pelos fiscais da Emhur, mas não houve retorno. (T.C)