Bom dia,
Para quem faz imprensa com o compromisso com a verdade dos fatos, algumas atitudes deixam uma imagem que muitas vezes respinga em todos. Pois bem, por que estamos começando nossa conversa de hoje com nossas leitoras/leitores com o tema? Vamos aos fatos: uma empresa privada, a Clínica Renal de Roraima, que presta serviço terceirizado de hemodiálise à Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), anunciou a suspensão do atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) por conta do atraso por mais de 90 dias do pagamento das faturas relativas ao serviço prestado. Em nota, a Sesau desmente que o atraso seja daquele tamanho, mas faz quase uma confissão pública da existência dele, ao afirmar que mesmo verdadeiro o fato, a Clínica Renal de Roraima, como empresa privada, deveria ter capital de giro para bancar o pagamento de seus colaboradores/colaboradoras.
Para dar a notícia, alguns órgãos de comunicação da imprensa tradicional começam praticamente na defesa da Sesau, ao afirmar que como no restante do Brasil, a qualidade dos serviços públicos de saúde é de péssima qualidade. Grande mentira, afinal, são inúmeros os exemplos de órgãos públicos, ou que recebem dinheiro do contribuinte e prestam um serviço de excelência como a Rede Sara (na especialidade de ortopedia); o Hospital do Amor (oncologia) e o Hospital de Beneficência de São Paulo (cardiologia e outros atos cirúrgicos). Há exemplos igualmente como a rede pública do Piauí, um pequeno Estado, para onde são levados inúmeros pacientes de Roraima.
Essa bajulação não faz sentido pelos verdadeiros órgãos da imprensa tradicional, já basta a infinidade de blogueiros/blogueiras que recebem dinheiro público para bajular o poder, seja ele no nível federal, estadual e municipal. Esses e outras espécies que povoam a internet existem exatamente para dar a versão de poderosos financiadores, mas é preciso resguardar o exercício profissional e o compromisso com a verdade dos fatos, sem o que nos tornaremos uma sociedade ainda mais manipulada do que é.
Adiada
Nós daqui da Parabólica alertamos ainda na edição de ontem. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de autoria do senador de Roraima, Hiran Gonçalves (Progressistas), que pretende inserir explicitamente na Constituição Federal a questão do Marco Temporal iria começar a sofrer boicotes. Prevista para ser votada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, ontem (quarta-feira) a chamada PEC 48 teve apreciação naquela comissão adiada, sabe lá para quando. Os senadores devem entrar em recesso pelos próximos dias e nesse segundo semestre devem ter atenção voltada, principalmente, na eleição de prefeitos/prefeitas.
Pressão
A pressão contra a PEC 48 vem de todos os lados, da bancada governista no Senado; do presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); das organizações não governamentais (ONGs) e de políticos de esquerda. Ao que tudo indica, a decisão monocrática do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que praticamente suspendeu a vigência da Lei 14.701/23, que regulamentava o Marco Temporal, vai prevalecer.
Boa/má
Aliás, a decisão monocrática de Gilmar Mendes de sustar a vigência da lei foi criticada pelo ex-juiz federal Helder Girão Barreto em entrevista no programa Agenda da Semana, da radio Folha FM 100.3, no último domingo (6). Girão foi direto ao ponto: disse que a um ministro do STF cabe executar uma lei aprovada pelos congressistas, que foram eleitos pelo voto popular para legislar. Ao magistrado não cabe julgar se tal lei é boa ou má. Isso é tarefa para os políticos. Não é o caso, infelizmente, do Brasil atualmente.
Antecipamos
Na edição de ontem, antecipamos o fato de que estaria havendo enorme pressão para que o capitão da Polícia Militar, Helton John, acusado de envolvimento nas mortes do casal naquele crime do Surrão (Cantá), trocasse de patrono. Dito e feito, ontem foi anunciado que o militar, que está preso preventivamente no Comando de Policiamento da Capital (CPC), dispensou o experiente advogado Manoel Leocádio por uma profissional que tem menos de um ano de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Por que, hein?