Em entrevista ao podcast Papo de Redação, o mototaxista e entregador Denys Agapto de Sousa, 37, que sobreviveu ao acidente que matou o amigo, o agente comunitário de saúde Ruyzemmar Souza da Cunha, 38, revelou que está impossibilitado de trabalhar em virtude das sequelas do ocorrido (confira o episódio 282 completo ao final da reportagem).
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Ao jornalista Lucas Luckezie, do grupo Folha, ele confirmou que, até o momento, o policial penal Emerson Pereira Pinho, 39, não ofereceu qual tipo de assistência pós-acidente. Enquanto isso, o sobrevivente diz contar com a ajuda financeira de familiares para se manter.
“Tenho uma filha de um ano e um mês. Minha esposa faz diárias em um supermercado e também tem meus pais que chegaram de viagem, mas eles também têm sua debilidade em questão de saúde. Minha mãe faz um TFD [Tratamento Fora de Domicílio]. A cada três, quatro meses, ela viaja e, dentro das possibilidades dela, ela ajuda a cuidar da minha filha enquanto minha esposa trabalha. A gente não tá passando aperto maior justamente porque os familiares nos ajudam”, revelou.
Denys Agapto lembrou que, no momento da tragédia ocorrida no dia 23 de junho, voltava para a casa com o amigo após ele convidá-lo a acompanhá-lo na compra de água em uma distribuidora. “Foi rápido. Não teve tempo de ter nenhuma ação, reação, pra se defender da batida”, destacou.
O sobrevivente contou que foi liberado pelo Hospital Geral de Roraima (HGR) no mesmo dia após a constatação de que não sofreu fraturas mais graves e ser orientado a se medicar em casa para aliviar as fortes dores nas pernas e cicatrizar as feridas.
“Tive raladuras com profundidade bem considerável. Minha perna ainda tá roxa, as panturrilhas, todas ralaram. Inclusive, o acidente arrancou um couro da minha perna, que tá com um cascão que deixa ela dura. Tive alguma câimbras também, mas já tou tomando medicação, fazendo massagem”, disse.
Questionado sobre se perdoaria o policial que causou o acidente que matou o amigo e, particularmente, o deixou sem trabalhar, Denys Agapto disse que é uma pergunta “difícil” de responder e confirmou se sentir desamparado pelo acusado.
“A gente ainda tá vivendo o luto, a ausência. Tem horas que estou em casa, vou fazer alguma coisa e aí vem a lembrança […]. Era uma amizade [de quase 20 anos] e éramos como irmãos. A família dele me considera como um filho […]. Eles ficaram tristes pela morte, mas ao mesmo tempo feliz porque eu estava vivo, porque eram duas pessoas queridas da família”, disse.
O que diz a defesa de Emerson Pereira Pinho
“Considerando o recente relato dos familiares, a defesa informa que, desde o ocorrido, Emerson possuía a intenção de procurar os familiares para conversar e auxiliar no que for preciso, dentro das suas condições, mas estava temeroso sobre a forma que seria recebido e como a conversa iria acontecer, em face de ser muito recente e prematuro o fato e acreditarem que seria uma afronta ao luto.
No entanto, como agora tem ciência do posicionamento dos familiares de Ruyzemar, buscará meios para que a conversa ocorra.
Cumpre informar que Emerson cumpre medidas cautelares que o impede de sair da residência, o que dificultou que estabelecesse contato em momento anterior.
Emerson está ciente do desdobramento do ocorrido e das consequências jurídicas que podem resultar. Além disso, tem contribuído ativamente com a justiça para o bom andamento do processo.
É importante relembrar que o direito de defesa é inafastável e necessário para um processo justo. Assim, a defesa está atuante para que seja estabelecida a verdade real dos fatos em todos os seus aspectos.
Por fim, quanto ao fato de ser servidor público e sobre a possível perda do cargo, ainda não é o momento de análise de tal situação. Emerson não estava no exercício de sua função no momento do acidente, bem como existem leis que ditam como e em que hipóteses a demissão irá ocorrer, não podendo tais previsões serem atropeladas.”