Apesar do expressivo número de militares em Roraima por ser um estado de fronteira, o número de candidatos militares nessa eleição foi um dos menores do país.
Estado registrou apenas 17 candidatos que usaram nome militar, um número bem pouco expressivo comparando com o crescimento de 39% das candidaturas de militares em todo o país.
O cientista político, Roberto Ramos, explicou que as forças militares sempre foram politizadas, mas não partidarizadas e que o crescimento de candidatos que usam nome militar se deve ao sucesso de outras candidaturas com mesmo teor.
“Se os militares enxergam que outros militares têm adquirido sucesso e contado com o voto da corporação, e é importante que seja dito que a corporação não tem só as pessoas que fazem parte da força policial e militar, mas também os seus agregados, isso estimula o surgimento de outras candidaturas”, afirmou o cientista político.
Ao todo são oito candidatos a deputado federal, sendo três sargentos, um coronel, um tenente, um inspetor, um major e um policial. Como candidatos a estadual são nove militares, sendo três sargentos, dois coronéis, um tenente, um capitão, um soldado e um suboficial.
Mesmo sendo um número inexpressivo, os candidatos militares não estão aglomerados em um mesmo partido. Apenas o PSL e PRTB têm dois candidatos usando a patente no nome.
Segundo Ramos, a intenção de usar um nome militar também pode estar ligada com a identificação que o candidato deseja causar ao eleitor ou até mesmo com a intenção de passar uma imagem mais firme e séria.
Com o eleitorado reforçando um discurso de cansaço da corrupção, nem mesmo a seriedade militar é suficiente para captar votos, pois de acordo com o cientista político, grande parte dos eleitores que reproduzem este discurso ainda não se desapegou da política clientelista.
“Você tem parte dos eleitores com uma visão mais crítica de não suportar a corrupção, mas esse mesmo eleitor que se posiciona contra a corrupção no parlamento, ele ainda não se libertou das práticas clientelistas que a política coloca no processo eleitoral com aquela questão de compra e venda de votos. Então ele faz a crítica ao parlamento por pessoas corruptas e que é preciso mudar com pessoas mais sérias, mas ele não faz essa crítica ao seu ato de votar”, pontuou.
Mas há também o eleitor que reproduz o mesmo discurso e tem uma consciência política mais crítica em relação ao próprio voto e, segundo Roberto Ramos, só ser militar não é suficiente para ganhar o voto deste tipo de eleitor, pois geralmente eles votam pelo projeto independente dos laços.
“O jogo democrático, é um jogo de conflitos, é um jogo político centrado no conflito e na resolução por meio do diálogo dos problemas, mas ele é muito suscetível a conflitos, então à medida que a sociedade se politiza mais, ela se partidariza mais, mas ela fica em volta disso, o problema maior quando acontece é exatamente do ponto de vista das organizações, aquelas que assumem esse perfil partidário, seja o judiciário, seja a força militar ou quando você tem uma força militar maior”, finalizou. (F.A)