Eleições 2018

Há 17 militares concorrendo nas eleições deste ano

Roberto Ramos, explicou que as forças militares sempre foram politizadas

Apesar do expressivo número de militares em Roraima por ser um estado de fronteira, o número de candidatos militares nessa eleição foi um dos menores do país.

Estado registrou apenas 17 candidatos que usaram nome militar, um número bem pouco expressivo comparando com o crescimento de 39% das candidaturas de militares em todo o país.

O cientista político, Roberto Ramos, explicou que as forças militares sempre foram politizadas, mas não partidarizadas e que o crescimento de candidatos que usam nome militar se deve ao sucesso de outras candidaturas com mesmo teor.

“Se os militares enxergam que outros militares têm adquirido sucesso e contado com o voto da corporação, e é importante que seja dito que a corporação não tem só as pessoas que fazem parte da força policial e militar, mas também os seus agregados, isso estimula o surgimento de outras candidaturas”, afirmou o cientista político.

Ao todo são oito candidatos a deputado federal, sendo três sargentos, um coronel, um tenente, um inspetor, um major e um policial. Como candidatos a estadual são nove militares, sendo três sargentos, dois coronéis, um tenente, um capitão, um soldado e um suboficial.

Mesmo sendo um número inexpressivo, os candidatos militares não estão aglomerados em um mesmo partido. Apenas o PSL e PRTB têm dois candidatos usando a patente no nome.

Segundo Ramos, a intenção de usar um nome militar também pode estar ligada com a identificação que o candidato deseja causar ao eleitor ou até mesmo com a intenção de passar uma imagem mais firme e séria.

Com o eleitorado reforçando um discurso de cansaço da corrupção, nem mesmo a seriedade militar é suficiente para captar votos, pois de acordo com o cientista político, grande parte dos eleitores que reproduzem este discurso ainda não se desapegou da política clientelista.

“Você tem parte dos eleitores com uma visão mais crítica de não suportar a corrupção, mas esse mesmo eleitor que se posiciona contra a corrupção no parlamento, ele ainda não se libertou das práticas clientelistas que a política coloca no processo eleitoral com aquela questão de compra e venda de votos. Então ele faz a crítica ao parlamento por pessoas corruptas e que é preciso mudar com pessoas mais sérias, mas ele não faz essa crítica ao seu ato de votar”, pontuou.

Mas há também o eleitor que reproduz o mesmo discurso e tem uma consciência política mais crítica em relação ao próprio voto e, segundo Roberto Ramos, só ser militar não é suficiente para ganhar o voto deste tipo de eleitor, pois geralmente eles votam pelo projeto independente dos laços.

“O jogo democrático, é um jogo de conflitos, é um jogo político centrado no conflito e na resolução por meio do diálogo dos problemas, mas ele é muito suscetível a conflitos, então à medida que a sociedade se politiza mais, ela se partidariza mais, mas ela fica em volta disso, o problema maior quando acontece é exatamente do ponto de vista das organizações, aquelas que assumem esse perfil partidário, seja o judiciário, seja a força militar ou quando você tem uma força militar maior”, finalizou. (F.A)

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