Cotidiano

Casos de professores agredidos em sala de aula são nulos em RR

Indisciplina dos alunos é uma das principais reclamações dos professores, porém dificilmente eles são agredidos fisicamente

ANA PAULA LIMA

Editoria de Cidade

As agressões sofridas pelos professores dentro das salas de aula podem ser diversas e demonstram a falta de sensibilidade com a profissão. Um caso recente, de um professor do Rio de Janeiro, levantou o debate sobre as condições de trabalho e a mudança de comportamento dos jovens quando se trata dos docentes.

Em um vídeo filmado pelos próprios alunos, o professor estava aplicando uma prova de Língua Portuguesa quando um discente arremessou uma pochete em sua direção.

O professor, assustado e recuado no canto da sala, assiste todas os outros ataques por parte do aluno, que rasga a própria prova e de outros colegas de classe. Logo depois, no mesmo vídeo, mostra um dos alunos da turma desrespeitando o professor e exigindo que a porta ficasse aberta. Ele relatou o caso à Secretaria de Educação, mas afirma que não recebeu nenhum apoio e decidiu se demitir.

Em Roraima, a Secretaria Estadual de Educação e Desporto (Seed) garante que os casos de agressões são nulos. Somente casos de indisciplina que são relatados por parte dos professores à Seed. Conforme a chefe da Divisão Psicossocial, Nazaré Silva, os alunos displicentes são chamados à atenção junto com a família e são dadas assistências para que a situação não volte a se repetir.

“O nosso índice de agressão verbal ou psicológica na sala de aula é basicamente zero. Nós não temos dados de alunos que agrediram professores, mas acontece uma indisciplina, que é desrespeito, não realizar as atividades ou quebra de regras estabelecidas pela escola… Esses casos realmente existem”, disse.

Caso o professor se sinta ofendido ou abalado emocionalmente por conta do episódio, a Seed oferece atendimento psicológico ao docente, com uma atenção especial e também ao aluno que realizou o caso. Para evitar que esse tipo de ocasiões aumentem ou sejam frequentes, o trabalho com os orientadores e gestores é repassado pela Secretaria de Educaçãopor meio de palestras e rodas de conversas.

Se o professor for agredido, a Seed garante que ele pode procurar registrar um Boletim de Ocorrência em uma delegacia policial. O aluno é chamado junto à família e será encaminhado para acompanhamento psicológico e pode sofrer penalidades de acordo com o regimento escolar.

“Dificilmente a gente expulsa, só expulsa no último grau, mas não tem isso. O caso de expulsão é ter esgotado todas as situações e tentativas do regimento [escolar]. Não é bem expulsão, é uma mudança de ambiente com o consentimento e negociação junto à família”, completou. 

Sinter diz que indisciplina causa depressão em professores

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Roraima (Sinter) também não faz a contabilidade de casos de agressão física a professores dentro das salas de aula, mas destacou que o esgotamento psicológico causado por alunos indisciplinados é comum entre a classe.

Segundo o diretor adjunto do Sinter, Jefferson Dantas, as agressões verbais são frequentes. Cerca de 50% dos docentes que procuram o sindicato relatando transtornos mentais, como depressão e ansiedade, é por conta desse tipo de comportamento por parte dos alunos.

“Existe essa agressividade. A questão da militarização nas escolas nada mais é do que a falta de disciplina, de respeito e muitas outras coisas que acontecem porque perderam o controle, infelizmente”, criticou.

O diretor prosseguiu afirmando que os professores que se encaixam nesses casos são encaminhados à Seed para atendimento psicossocial, mas que muitos preferem realizar o tratamento em clínicas particulares. Fora o acompanhamento psicológico, o Sinter auxilia também que o professore faça a denúncia em delegacia e no Conselho Tutelar para que as providências sejam tomadas com a família do aluno infrator. (A.P.L)