Dezenove organizações da sociedade civil que representam migrantes e refugiados venezuelanos no Brasil pediram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para reconsiderar a decisão de desistir de enviar observadores brasileiros para acompanhar as eleições venezuelanas de domingo (28). A Corte tomou a decisão após acusações do ditador Nicolás Maduro contra o processo eleitoral do Brasil.
Em nota à imprensa, a Rede de Venezuelanos no Brasil (Redeven) defende que se as eleições não forem justas e transparentes e violarem a democracia, “o fluxo migratório regional de venezuelanos para outros
países vizinhos, incluindo o Brasil, pode aumentar substancialmente”.
No ofício enviado nesta sexta-feira (26) à presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, as organizações definem os comentários de Maduro como “desrespeitosos” e que “não refletem” o sentimento da maioria do povo venezuelano. Duas das nove instituições que assinam o documento atuam em Boa Vista: a Vozes sem Fronteiras e a Voz Migrante.
“Os vínculos históricos e culturais que unem nossas nações foram significativamente reforçados pelo acolhimento generoso que o Brasil tem oferecido aos migrantes venezuelanos nos últimos anos. Sentimo-nos parte integrante da sociedade brasileira, reconhecendo e valorizando o apoio e a solidariedade que temos recebido”, diz a nota.
Conforme o texto, a presença do TSE na Venezuela é importante para “garantir a transparência e a lisura do processo eleitoral em nosso país”. “A confiança em nossas instituições eleitorais pode ser grandemente fortalecida com o apoio e a expertise da equipe técnica brasileira”, reforçou.
Na terça-feira (23), Nicolás Maduro afirmou que, “no Brasil, nem um único boletim de urna é auditado” e defendeu que o sistema eleitoral venezuelano é o melhor do mundo, com 16 auditorias.