Ingerir pão de forma não altera o resultado do teste do bafômetro da forma como algumas pessoas passaram a achar, após verem o vídeo publicado no Instagram do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), e que causou polêmica nas redes sociais. Na publicação, órgão fez um teste e mostrou que o aparelho constatou a influência de álcool, mesmo que por meio do pão.
De acordo com Vilmar Florêncio, agente de trânsito do Departamento Estadual de Trânsito de Roraima (Detran-RR), o resultado trata-se de um “falso positivo” e o álcool é eliminado do organismo em questão de minutos. O alimento contém etanol, que é utilizado na composição do pão para que ele se mantenha conservado por mais tempo.
“O álcool também está presente em outros produtos, como bombons de licor e enxaguantes bucais, que também podem causar um ‘falso positivo’ no teste do bafômetro. Quando a gente ingere esses alimentos, o álcool fica presente na nossa mucosa bucal, e não no organismo, como é o caso quando a pessoa ingere bebida alcoólica”, explicou.
A FolhaBV realizou o teste do bafômetro após o consumo de uma fatia do pão de forma industrializado de uma marca brasileira, que está em 2º lugar na lista de maior teor alcoólico, conforme o estudo realizado pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste). O exame foi feito duas vezes, logo depois de ingerir o alimento, e após dois minutos.
Na primeira vez, o resultado foi de 0,36 mg/L (miligramas por litro) de influência alcoólica. Essa quantidade, segundo o agente de trânsito, seria suficiente para levar o condutor para a delegacia. Já o segundo teste atestou alcoolemia zero.
“No próprio ato de salivação, beber água ou limpar a boca com a língua, o álcool se dissipa. Caso o condutor tenha comido pão de forma e caia em uma blitz, ele deve avisar a nossa equipe, que está capacitada para lidar com essa situação. O agente irá esperar alguns minutos antes de aplicar o teste do bafômetro no voluntário. Entretanto, há outros indícios que denunciam embriaguez, como os olhos avermelhados, comportamento alterado e o hálito”, afirmou Florêncio.
O que diz a legislação
Conforme o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a tolerância é zero para a combinação de álcool e direção. Contudo, há uma margem de erro de 0,04 miligramas de álcool por litro de ar alveolar.
Se o resultado do teste do bafômetro exceder 0,04, o agente de trânsito aplicará uma multa gravíssima, multiplicada por dez vezes – atualmente R$ 2.934,70, além da suspensão do direito de dirigir por 12 meses e a retenção do veículo até a apresentação de um condutor habilitado. Motoristas que se recusarem a fazer o teste do bafômetro podem sofrer as mesmas penalidades.