VENEZUELA

Falta de transparência na reeleição de Nicolás Maduro desperta cobrança internacional

A falta de transparência e as desconfianças levantadas sobre o processo eleitoral podem levar a uma pressão internacional crescente por uma auditoria independente

A situação chamou a atenção da comunidade internacional, que expressou preocupação com a validade do processo eleitoral (Foto: Divulgação)
A situação chamou a atenção da comunidade internacional, que expressou preocupação com a validade do processo eleitoral (Foto: Divulgação)

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela anunciou a reeleição do presidente Nicolás Maduro com 51,2% dos votos, o que equivale a 5.150.092 eleitores. Seu principal oponente, Edmundo González, recebeu 44,2% dos votos, totalizando 4.445.978. Com 80% dos votos apurados, o resultado tem sido alvo de intensas críticas e alegações de irregularidades.

Diversas denúncias de irregularidades no processo eleitoral foram registradas. Um dos problemas relatados foi o atraso de mais de sete horas na abertura de um centro eleitoral, levantando suspeitas de que situações semelhantes possam ter ocorrido em outros locais. Além disso, em um centro de votação, a polícia disparou tiros para o alto com o intuito de dispersar a população, criando um clima de intimidação. Pesquisas de boca de urna indicavam uma preferência majoritária, superior a 50%, pelo candidato da oposição, Edmundo González, o que contrasta com os resultados oficiais divulgados pelo CNE.

Denúncias durante o processo
Houve relatos de filas com mais de vinte eleitores fora dos centros eleitorais, que não conseguiram votar devido a longas esperas e fechamento dos centros. Também foi observado um grande número de idosos votando acompanhados, prática conhecida como voto assistido, o que levanta dúvidas sobre a liberdade do voto. Partidos políticos enfrentaram dificuldades para que seus observadores (testigos eleitorais) acompanhassem o escrutínio, comprometendo a transparência do processo. A forte presença de contingentes policiais e militares nos centros de votação criou um ambiente de intimidação para os eleitores.

Cobrança Internacional
A situação chamou a atenção da comunidade internacional, que expressou preocupação com a validade do processo eleitoral. Paula Gomes Moreira, internacionalista e professora da Universidade Federal de Roraima, comentou sobre o cenário, destacando que não se trata necessariamente de uma interferência internacional, mas de uma cobrança pela validade do processo eleitoral. Moreira afirmou que as pesquisas de boca de urna indicavam uma vantagem para o candidato da oposição, o que não se refletiu nos resultados divulgados. Esse fato levantou desconfianças por parte dos países democráticos da comunidade internacional. A internacionalista também apontou o atraso significativo na divulgação dos resultados, incomum em um sistema eleitoral totalmente automatizado, como o venezuelano, onde os resultados são geralmente disponibilizados em poucas horas. A crítica ao trabalho do Conselho Nacional Eleitoral foi intensa, já que o processo não atendeu aos parâmetros internacionais esperados.


A falta de transparência e as desconfianças levantadas sobre o processo eleitoral podem levar a uma pressão internacional crescente por uma auditoria independente ou até mesmo a realização de novas eleições. A comunidade internacional, especialmente os países democráticos, pode solicitar que um novo processo eleitoral seja conduzido sob vigilância rigorosa para garantir conformidade com os parâmetros democráticos internacionais.