Protestos eclodiram na Venezuela nesta segunda-feira (29/07), após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo governo, declarar o presidente Nicolás Maduro como vencedor nas eleições de domingo. Em todo o país, houve confrontos violentos entre manifestantes e forças de segurança, com relatos de pelo menos seis mortes ligadas às manifestações. Mais protestos foram convocados para esta terça-feira.
De acordo com o Foro Penal, uma organização de ativistas de direitos humanos especializada em prisioneiros políticos, pelo menos 132 pessoas foram detidas nas manifestações que ocorreram em todo o país até segunda-feira (29). O Observatório de Conflitos da Venezuela informou que até as 18h de segunda-feira haviam sido registrados 187 protestos em 20 estados, com relatos de “inúmeros atos de repressão e violência realizados por coletivos paramilitares e forças de segurança”.
Em publicação no X (Antigo Twitter), Edmundo González, adversário de maduro auto-declarado vencedor no pleito, lamenta a violência durante as manifestações:
Mi solidaridad está con el pueblo ante su justificada indignación. Lamentablemente, en las últimas horas tenemos reportes de personas fallecidas, decenas de heridos y detenidos. Instamos a las fuerzas de seguridad a respetar la voluntad expresada el 28 de julio y detener la…
— Edmundo González (@EdmundoGU) July 30, 2024
A minha solidariedade é com o povo face à sua justificada indignação. Infelizmente, nas últimas horas temos relatos de mortos, dezenas de feridos e detidos. Instamos as forças de segurança a respeitarem a vontade expressa em 28 de Julho e a porem fim à repressão às manifestações pacíficas.
Nós, venezuelanos, queremos paz e respeito pela vontade popular.
A verdade é o caminho para a paz.
Imagens de televisão mostraram a polícia usando gás lacrimogêneo e, ocasionalmente, batendo em pessoas. Tiros também foram disparados contra manifestantes que marchavam em direção ao palácio presidencial na capital Caracas, informou o jornal El Nacional.
A oposição contesta o resultado, afirmando que uma contagem realizada a partir de atas de votação disponibilizadas aos fiscais de seu grupo político, que representam cerca de 40% do total, indicava que o candidato opositor, Edmundo González Urrutia, estava caminhando para receber 70% dos votos. A desconfiança em relação ao resultado anunciado pelo CNE também foi exacerbada pela ausência de divulgação de todas as atas da eleição.
Em Caracas, a polícia ergueu barreiras com escudos e cassetetes e usou gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes. Em Coro, capital do estado de Falcón, manifestantes aplaudiam enquanto derrubavam uma estátua representando o ex-presidente Hugo Chávez, mentor de Maduro, falecido em 2013.
Maduro culpa extrema direita pela violência
Em uma transmissão ao vivo do palácio presidencial de Miraflores, Maduro afirmou que suas forças estavam agindo contra o que chamou de “protestos violentos”. “Temos acompanhado todos os atos de violência promovidos pela extrema direita. Posso dizer ao povo da Venezuela que iremos agir se eles fizerem mal”, declarou ele. As forças armadas continuam apoiando Maduro, sem sinais de dissidência entre os líderes militares.