Cotidiano

Brasil tem até fevereiro para erradicar surto de sarampo

Caso país não reverta a situação, poderá perder certificado de eliminação do sarampo, concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em 2016

O Brasil poderá perder o certificado de eliminação do sarampo, concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em 2016, em meio ao atual surto da doença, que se alastrou para outros oito estados brasileiros desde o seu início, no estado de Roraima. O prazo para que o surto seja revertido é até fevereiro de 2019, mês em que a proliferação da doença completará um ano no Brasil.

Dados do Ministério da Saúde mostram que, até 24 de setembro, foram confirmados 1.766 casos de sarampo em todo o Brasil. Dentre eles, 1.367 são do Amazonas, 325 de Roraima, 29 no Rio Grande do Sul, 18 no Rio de Janeiro, 14 no Pará, quatro em Pernambuco, quatro em Sergipe, três em São Paulo e dois em Rondônia. Ontem, dia 1º, a Secretaria estadual de Saúde (Sesau) confirmou mais cinco casos, aumentando para 330.

De acordo com a Gerente do Núcleo de Controle de Sarampo da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde (CGVS) em Roraima, Nayane Picanço, a perda do certificado é possível e preocupante, uma vez que não depende mais somente do estado de Roraima a obrigação de erradicar a doença.

“Para nós, do estado de Roraima, é impossível apontarmos se o Brasil irá ou não conseguir reverter esse quadro até fevereiro, uma vez que temos outros estados com registros confirmados da doença. O mais notório é o Amazonas, que tem mais de 1.360 casos confirmados, número quatro vezes maior do que em Roraima. O surto de sarampo já deixou de ser um problema somente do Estado, e se tornou algo de preocupação Federal”, apontou.

Sobre as ações que são feitas para diminuir a infecção do sarampo em Roraima, Nayane destacou que as duas campanhas de imunização realizadas neste ano se mostraram bem-sucedidas, apesar de não terem atingido suas metas dentro dos prazos estabelecidos. “Todos os municípios conseguiram cumprir aquela meta de vacinar 95% da população entre 6 meses a 14 anos. Tivemos alguns problemas de cobertura em Boa Vista, mas a Capital felizmente chegou a sua meta. Ainda estamos realizando ações pontuais nas ruas e intensificando nossa cobertura de acordo com as vilas e comunidades que registrarem suspeitas da doença”, comentou.

Nayane apontou que somente a vacinação serve como forma de prevenção ao sarampo, por isso, é fundamental que haja a sua busca em Roraima, principalmente por se tratar do estado que possui um alto número de refugiados venezuelanos, muitas vezes sem vacinação.

“A única prevenção é a vacinação. Não há outra forma. Caso haja suspeitas da doença na família, procure não deixar essa pessoa em lugares aglomerados, pois estamos falando de algo que é extremamente contagioso. Já aconteceram casos de a doença se aglomerar em supermercados ou proximidades de abrigos, então o cuidado e a imunização devem ser intensificados para evitar contaminação em lugares como esses”, afirmou.

BOA VISTA E AMAJARI SÃO OS MUNICÍPIOS COM MAIS CASOS

Em balanço  concluído pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) ontem, dia 1º, o estado de Roraima apresenta 330 casos. Destes, 164 foram registrados em Boa Vista, 78 no Amajari e 59 em Pacaraima. Cem dos 301 casos apontados nesses municípios são de pessoas que atualmente estão residindo na Venezuela. No Cantá, há 11 casos confirmados, nove em Rorainópolis, quatro em Caracaraí, três em Alto Alegre, um em Mucajaí e um no Uiramutã.

Duzentos e cinquenta e dois dos 330 casos confirmados são de crianças e adolescentes de até 14 anos. Cerca de 55% destes são do sexo masculino. Quase 40% são de indígenas venezuelanos, com 126 pessoas.

Seguido pelos não indígenas brasileiros, com 105, não indígenas venezuelanos, com 80, e 17 casos de indígenas brasileiros. O estado de Roraima já conta com 516 notificações, quando existe somente a suspeita da doença. Com 281 em Boa Vista, 107 no Amajari, 80 em Pacaraima, com 15 destes residindo na Venezuela, 15 em Rorainópolis, 15 no Cantá, seis em Caracaraí, quatro em Alto Alegre, dois em Iracema, dois em São Luiz do Anauá e um nos municípios de Caroebe, Mucajaí, São João do Baliza e Uiramutã. (P.B)