Enquanto as previsões meteorológicas indicam que teremos chuvas fora do normal nos próximos meses em Roraima, em virtude da chegada do fenômeno La Niña, as autoridades locais já deveriam estar se preocupando em se preparar para o período de estiagem, que significa tempo de incêndios e queimadas descontroladas, cujas tragédias presenciamos no final do ano passado e início desse ano. Não se vê inclusive candidatos preocupados com isso em seus municípios.
De olho nos estados amazônicos, onde a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação crítica de escassez de água em rios e seus afluentes nas regiões do Amazonas, Rondônia e Acre, é prudente que sejam definidas estratégias para o enfrentamento aos problemas provocados pela seca e pelo fogo. E importante que candidatos a vereador e prefeito também tenham isso suas propostas.
O que mais preocupa é que não se vê nada sendo organizado, a não ser as caravanas governamentais que estão indo por todo interior do Estado a fim de dar apoio a candidaturas aos prefeitos aliados. Enquanto todas as autoridades e servidores de órgãos estão concentrados somente no período eleitoral, as populações ficam desassistidas com relação a atoleiros e pontes destruídas, além de não terem nenhum apoio para formação de brigadas de incêndios para prevenir a chegada do verão.
Na Serra do Tepequém, ponto turístico localizado no Município do Amajari, o que se viu até agora foi o chamamento da comunidade para o Curso de Formação de Brigada de Incêndio Florestal na Estância Ecológica do Sesc, com 13 vagas. De ação governamental até agora nada se viu, embora esta localidade tenha sofrido severamente a ação do fogo, com os reflexos sendo sentidos até hoje, com árvores queimadas caindo na estrada, em flagrante risco de vida a condutores em geral.
É urgente que pessoas dentro das estruturas governamentais estejam preocupadas com isso, uma vez que as autoridades de um modo geral acabam entrando em um delírio coletivo da campanha eleitoral, esquecendo de suas obrigações nos setores mais importantes. Já sabemos que os megaincêndios em lavrados e florestas roraimenses causaram sérios danos ambientais que podem se tornar irreversíveis se ações não forem tomadas de forma urgente.
A preocupação se duplica porque entramos em um “novo normal” das alterações climáticas com eventos cada vez mais extremos, provocando drásticas consequências em todo o ecossistema, inclusive com seca de nossos recursos hídricos, o que pode afetar toda população, a exemplo do que estamos presenciando no Amazonas. O tempo urge.
*Colunista