Cotidiano

Mais da metade da água tratada é jogada fora em Boa Vista

Caer vai instalar 40 mil hidrômetros e fazer um trabalho de conscientização para evitar o desperdício de água na cidade

O diretor-presidente da Companhia de Águas e Esgoto de Roraima (Caer), Danque Esbell, anunciou ontem pela manhã, 8, durante entrevista na Rádio Folha, que serão instalados na Capital, ainda este ano, 40 mil hidrômetros para evitar o desperdício de água, que chegou a 59% em 2013.
Esbell deu detalhes do plano de ação da nova diretoria da companhia durante o programa Agenda da Semana, apresentado pelo radialista Marcelo Nunes. O diretor falou da crise da falta de água no Sudeste e do plano que vem sendo montado em Roraima para reduzir a perda de água.
“Temos 90 mil consumidores em Boa Vista e 100 mil em todo o Estado. Em 2014, o desperdício pode ter sido superior a 60%. Por isso, além da instalação de 40 mil hidrômetros, também faremos um trabalho de conscientização junto à população para que não desperdice água”, adiantou.
Esbell informou ainda que de cada dez casas, apenas seis têm hidrômetro. “Após a instalação dos 40 mil hidrômetros, começaremos a substituir os aparelhos mais desgastados. A ação é da Caer, mas o consumidor deve fazer o pedido”, orientou.
A nova gestão da companhia também vai elaborar um plano de ação para combater as ligações clandestinas. Um ouvinte perguntou sobre a negociação de dívidas passadas e Esbell respondeu que as contas podem ser negociadas com o pagamento em parcelas.
Outra proposta da empresa, anunciada pelo diretor, é o programa Caer nos Bairros. “Vamos implantar ações comerciais nos bairros e assim conquistar ainda mais nossos clientes. O programa também visa fiscalizar a utilização da água no combate às ligações clandestinas. Queremos nos aproximar da população para que reconquistemos nossa credibilidade”, disse.
O presidente entende que o dinheiro que o consumidor gastaria para se deslocar até a empresa, se atendido no bairro, empregá-lo-ia para reduzir o débito junto à Caer.  “Essa será uma ação descentralizada que tem a intenção de atrair nossos clientes. Vamos colocar equipes nos bairros para aproximar os nossos clientes da nossa empresa, disponibilizar um local para que o cliente possa negociar o débito”, explicou.
Segundo Esbell, uma das metas da nova diretoria é instalar os hidrômetros e alcançar 100% da Capital, evitando ao máximo o desperdício de água. A Caer também investirá no interior do Estado, conforme ele, expandindo a rede de água e esgoto e substituindo bombas desgastadas ou queimadas. Como exemplo, citou o bairro Santa Cecília, no município do Cantá, a aproximadamente dez quilômetros da Capital pela BR-401.
Um ouvinte perguntou sobre a tarifa social concedida pela empresa. O diretor respondeu que atualmente apenas 48 clientes se enquadram no programa. Esses clientes pagam pouco mais de R$ 7 por mês na conta de água.
ESGOTO SANITÁRIO – Na área de esgotamento sanitário, Esbell disse que foi criado o programa Equipe Ronda para verificar e monitorar o funcionamento das bombas de esgoto na Capital. “São mais de 30 elevatórias e nosso cuidado é redobrado para que nenhuma bomba pare de funcionar, o que acionaria o extravasor, que lançaria esgoto em nossos mananciais, poluindo o meio ambiente. Trabalhamos agora em parceria com órgãos ambientais para evitar poluir o meio ambiente”, disse.
A água consumida pelo boa-vistense também foi assunto discutido na entrevista. Esbell garantiu que a água fornecida pela Caer é de qualidade. O produto, segundo ele, passa por um processo rigoroso de avaliação a cada hora.
No interior do Estado, ressaltou o diretor, a Caer executa projetos em parceria com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Ao final da entrevista, Esbell pediu à população que denuncie, reclame ou informe sobre vazamentos pelo 0800-280-9520. (AJ)
  Inadimplência é de R$ 80 milhões   A inadimplência atual da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer) é de R$ 80 milhões. Entre os maiores devedores estão os órgãos do poder público, sendo o maior caloteiro o próprio Estado de Roraima, seguido das prefeituras e dos consumidores em geral. Atualmente, a empresa arrecada mensalmente aproximadamente R$ 3,5 milhões.
A inadimplência do setor público, conforme informou o diretor-presidente da estatal, Danque Esbell, é de aproximadamente 60%, o equivalente a R$ 35 milhões. Esse montante é do acumulado dos últimos cinco anos.
Depois de Boa Vista, o município de Caracaraí é o que mais deve à empresa, chegando a R$ 1,7 milhão. O município de Caroebe está entre os menores devedores, mesmo assim a dívida chega a R$ 250 mil. O valor da dívida de ambos advém das esferas pública e privada.
A inadimplência advinda das unidades residenciais consumidoras de água é de R$ 45 milhões e corresponde a um percentual de 8%. O atual presidente disse que algumas ações já estão em andamento para reduzir essa dívida. Afirmou que um levantamento também está sendo feito para se traçar um plano de recuperação da receita.
Uma das ações em execução é uma velha conhecida da população. Trata-se dos cortes para interromper o fornecimento de água com uma fiscalização mais rigorosa para que se impeça a religação indevida. (ML)
Consumidor pode optar pela melhor data de pagamento   Os consumidores que têm contrato com Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer) podem optar pela melhor data para pagamento das faturas. A mudança na escolha da data mais favorável para o consumidor ocorreu após o acordo extrajudicial firmado com a Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor e da Cidadania e o Procon Municipal e da Assembleia, em agosto do ano passado.
É que com a implantação do novo sistema de leitura, houve uma duplicidade na data de vencimento das contas. A proposta do Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR) era que, até dezembro do ano passado, fosse definido o dia 15 de cada mês com a data de vencimento das contas de água.
O que fora acordado foi cumprido, conforme explicou o presidente da Caer, Danque Esbell. “Quando a pessoa se cadastra, a data de vencimento da conta fica definida como todo dia 15 de cada mês. Depois, se o consumidor não achar conveniente, ele faz um registro de atendimento pedindo a alteração da data que melhor lhe convém”, informou.
À época, o novo sistema provocou a cobrança de duas faturas dentro do mesmo mês, o que gerou contestação por parte dos órgãos de defesa do consumidor. O Ministério Público informou, por meio de nota, que após a assinatura do acordo extrajudicial com a CAER, a Promotoria de Justiça Defesa do Consumidor não teve mais conhecimento de denúncias referentes ao fato. (ML)