Em coletiva realizada no início da manhã de ontem, 2, foi anunciada pela Diocese de Roraima e Cáritas de Roraima uma parceria que visa à execução do ‘Plano Nacional de Integração Caminhos da Solidariedade: Brasil e Venezuela’, que consiste na transferência de imigrantes de Roraima para abrigos de pelo menos 90 Dioceses em todo o Brasil. A meta inicial é integrar pelo menos 5 mil venezuelanos.
A ideia possui o apoio de diversas instituições, sendo algumas delas: Organização Internacional para as Migrações (OIM), Tribunal de Justiça de Roraima, Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo Scalabrinianas, Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR) e o Instituto Migrações e Direitos Humanos.
Segundo a representante nacional da organização de Igrejas Católicas Cáritas, Cristina dos Anjos, os critérios para que os refugiados sejam transferidos são semelhantes aos do processo de interiorização promovido pela Operação Acolhida, com exigência de documentações que tornem o migrante cidadão brasileiro, carteira de trabalho e cartão de vacinas em dia.
“Temos uma equipe do Cáritas aqui em Roraima que, junto com a Diocese, começará a mapear em Boa Vista os imigrantes que estão interessados na transferência para outros estados pela igreja. É claro, vão ser exigidos documentos que o torne como cidadão brasileiro, carteira de trabalho, e vacinação em dia, da mesma forma que na Operação Acolhida. Estamos em diálogo com a Força Aérea, que vem sendo bastante positivo, sobre a possibilidade de uso de aviões para o translado, mas também podemos arcar com voos comerciais se necessário”, explicou.
Além do processo em si, que possui protocolos semelhantes ao de interiorização da Operação Acolhida, haverá a instalação de um centro de atendimento em Santa Elena, cidade venezuelana que faz fronteira com Pacaraima, para que orientações já possam ser dadas a partir de lá sobre refúgio no Brasil.
Ao todo, o plano possui três eixos: Santa Elena, que prestará informações; Integração, que realizará a seleção de imigrantes em Roraima para a transferência; e Meio de Vida, que oferece oficinas culturais e profissionalizantes para incentivar o microempreendedorismo nas Dioceses que receberem os imigrantes.
“Sempre auxiliamos e ajudamos refugiados a se conscientizarem e ajudamos até mesmo na educação de crianças de situação de vulnerabilidade, aqui em Roraima. Queremos levar essa ajuda e auxílio para Santa Elena, onde informações já possam ser dadas e dúvidas esclarecidas sobre o Projeto Integração Nacional”, afirmou Cristina dos Anjos.
O bispo da Diocese de Roraima, Dom Mário Antônio, relatou que 40% do fundo nacional diocesano de solidariedade está sendo utilizado para o projeto. Apesar do valor não ter sido precisado, uma vez que a conta orçamentária ainda precisa ser fechada, as arrecadações que serão repassadas para o Plano de Integração chegam à casa dos milhões.
“O plano nacional de solidariedade diz respeito não apenas aos impactos sociais da crise migratória, mas também às vidas desses imigrantes. Estes são os novos habitantes do nosso Brasil e merecem a nossa caridade. Não por serem venezuelanos, mas por serem seres humanos. Estamos usando 40% do fundo diocesano de solidariedade, arrecadado com o objetivo de ajudar essas pessoas a se integrarem e contribuírem para a prosperidade de nossa sociedade”, relatou.
A coordenadora da Organização Internacional para as Migrações (OIM) em Roraima, Issy Rodrigues, explicou que o apoio é importante por ajudar não apenas a desafogar as demandas que o Governo Federal possui, com a Operação Acolhida, mas também como forma de ajudar a sociedade em geral.
“Apoiamos todo tipo de acolhimento a imigrantes, desde a fronteira, há cerca de um ano. Auxiliamos na documentação e encaminhamos os imigrantes para se regularizarem no território nacional. A OIM apoia massivamente o processo de interiorização do Governo Federal e da mesma forma também apoiamos atos civis de apoio. Esse plano é uma grande oportunidade para os imigrantes e uma grande ajuda à sociedade, em meio às atuais demandas sociais da crise migratória”, comentou. (P.B)