Cotidiano

Gaúcha diz que renasceu em Roraima

Em primeira visita ao Estado ela sentiu uma luz dentro dela e decidiu que iria viver aqui

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

A gaúcha Rossieli Gassner, de 33 anos, se apaixonou por Roraima a primeira visita. Saiu da cidade de Rodeio Bonito e veio morar de forma definitiva em Boa Vista no ano de 2008 com marido e filha. Aqui enxergou uma oportunidade de refazer sua vida. Ela contou que aprendeu a viver de novo e renasceu em Roraima porque era tudo novo: a cultura, a alimentação, o trabalho.

      “No dia que eu conheci, eu nunca esqueço, foi dia primeiro de março. Nós chegamos aqui e meu coração brilhou e disse aqui é o meu lugar, eu senti uma luz muito grande dentro de mim e eu sempre conto isso. Eu acho que é divino isso, é espírito, eu não sei. E eu disse: “aqui vai ser meu lugar, aqui vou morar, vou trabalhar e vai dar certo”.” disse.

      Ela contou que houve um pouco de resistência da família porque era muito longe do Rio Grande do Sul e o contato seria de difícil acesso. Mas não teve jeito, Rossieli se apaixonou pelo acolhimento dos roraimenses, ela contou que o jeito carismático das pessoas e olho no olho a conquistou de vez.

       Segundo ela, o primeiro ano no Estado foi o mais difícil, o marido pensou em desistir e retornar para o Rio Grande do Sul, mas ela se recusou a voltar com menos de um ano no Estado. Caso completassem dois anos sem conseguir melhorar de vida em Roraima, ela cederia a ideia do marido e retornaria para sua cidade natal. A filha do casal também teve problemas para se adaptar por conta do costume de se reunir durante o fim da tarde para brincar com outras crianças em Rodeio Bonito.

        Rossieli se formou em pedagogia e foi trabalhar com educação infantil. O marido conseguiu um emprego em uma praça para vender frutas para Manaus e assim as primeiras portas começaram a se abrir para o casal.

       O marido de Rossieli, Vanderlei Saldanha, teve a ideia de abrir um negócio próprio. Aproveitou a experiência com venda de frutas e avistou um ponto que estava falido. Juntou o útil ao agradável e abriu uma frutaria. No início, Rossieli se dedicava mais a carreira de professora, ela não conseguia sentir afinidade com o comércio porque lhe demandava muito, ela precisava abrir mão de tempo com a família e para lazer.

        “Passou um tempo, um ano mais ou menos e eu larguei a escola para me dedicar ao comércio, aí eu me dediquei totalmente ao comércio. Foi dando certo e eu gostei, me identifiquei com o negócio, eu fui aprendendo, não conhecia desse ramo e aqui é um ramo muito difícil, mas quando a gente coloca amor no trabalho tudo vai dando certo, que nada é fácil, tu tem quem gostar do que faz.” Declarou Rossieli.

      A veia para comércio já estava na família, Rossieli só demorou em aceitar “eu comecei a cativar, a cuidar, aí eu fiquei com o comércio, aí eu agarrei. Eu acho que eu já tinha no meu sangue, da minha família já vem isso, a minha mãe teve um comércio, acho que já veio isso no sangue, só que eu não queria.”

      O sentimento de que pertence a este Estado é o que a mantém aqui. Ela se diz muito feliz e grata por estar aqui e ainda afirma que não haveria melhor lugar no mundo para estar. “Eu amo meu Estado de origem, não tem como não amar, mas eu não me vejo mais morando lá, já me sinto roraimada, como dizem, roraimense, sou um pouco de macuxi.” Afirmou

         Se o Estado de Roraima fosse uma pessoa e Rossieli tivesse a oportunidade de falar algo para esta pessoa, suas palavras seriam: “Amor infinito, eu amo você!”