Por média, o Hospital Geral de Roraima (HGR) realiza cerca de 800 atendimentos destinados a vítimas de acidentes de trânsito. De acordo com dados do hospital, 10.717 pessoas foram atendidas em 2017 por esse motivo e 9.540 em 2018.
A gravidade deles também é um dos motivos da preocupação do diretor de Pronto Atendimento e Pronto Socorro, Douglas Teixeira. Segundo ele, os óbitos em acidentes de trânsito cresceu 45% no ano passado, em comparação com 2016, e a projeção é de que haja um novo crescimento, de 13% nessas mortalidades para esse ano.
“O que reparamos, ao analisar dados brutos, é que o número de acidentes não chegou a aumentar. Mas o que nos preocupa é a gravidade deles. Tivemos um aumento de 45% no número de óbitos por acidentes de trânsito aqui no Hospital, de 2016 para 2017. Por que isso acontece? Devido à presença constante de acidentados que apresentam, por exemplo, mais de uma fratura. Isso deixa todo o processo cirúrgico bem mais complexo e demorado”, explicou.
Dentre os acidentados que o HGR recebe, os principais são vítimas de acidentes com motos, representando 63% de todos os atendimentos prestados pós-acidente pelo hospital neste ano. Na análise do diretor, o envolvimento de motocicletas em alta velocidade vem sendo cada vez mais constante devido ao aumento da frota de veículos em Boa Vista.
“Motociclistas são da categoria mais representativa dos nossos atendimentos. Cerca de 63% dos acidentados que recebemos aqui estiveram em motos na hora do ocorrido. Uma peculiaridade disso é que as ruas de Boa Vista sempre foram largas, fazendo com que muitos desses motoristas dirijam com mais liberdade. Entretanto, com o crescimento da frota de veículos, esses motociclistas ainda não se adaptaram a dirigir em espaços pequenos”, comentou.
Álcool e direção
Mesmo assim, existe um agravante maior: o álcool. Douglas Teixeira reiterou que, para que haja uma diminuição desses acidentes, políticas públicas voltadas para a prevenção do ato de dirigir embriagado precisam ser reforçadas. Aumento na fiscalização e maior intolerância da prática também foram ressaltadas.
“Dentre os pacientes, reparamos que o principal causador de acidentes, principalmente aqueles que levam ao óbito, é o álcool. O crescimento de roraimenses utilizando dele e dirigindo em alta velocidade é absurdo. Então o que indicamos é que haja campanhas mais intensivas e severas em relação a intolerância do uso do álcool”, afirmou.
O diretor de Pronto Atendimento e Pronto Socorro, Douglas Teixeira, concluiu falando que apesar das dificuldades, sejam elas orçamentárias ou de demandas crescentes, o HGR procura priorizar o atendimento rápido para casos complexos, por ser o único hospital de estado a ter tais capacitações.
“O HGR está se adaptando da forma que é possível dentro das necessidades. Acidentes de trânsito mais graves, que requerem cirurgias complexas, são prioridade para nós. Este hospital é o tipo de local que não somente Roraima, mas Lethem e Santa Elena também veem aqui como um local de referência no que se trata de atendimento público de alta complexidade. Mesmo com as dificuldades constantes, ainda conseguimos manter esse prestígio e priorizar o atendimento ao paciente acima de tudo”, finalizou.
FROTA DE VEÍCULOS EM RR- Em Roraima, existe uma frota de mais de 213,2 mil veículos, com 87,02% desse percentual situado em Boa Vista, que possui 185,5 mil veículos. Municípios que aparecem em segundo e terceiro e quarto lugar como maiores frotas são Rorainópolis, com 2,79%, Mucajaí, com 1,85%, e Caracaraí, com 1,53%.
No caso específico de Boa Vista, existem 65065 automóveis, segundo balanço feito pelo Detran-RR em junho. Essa era uma diferença de menos de 100 unidades em comparação com motos, com 64997 unidades na Capital. A frota de caminhonetes é a terceira maior da cidade, com 20766 unidades. Seguido por motonetas, com 16778. (P.B)