Com a paralisação dos trabalhadores terceirizados, que estão há alguns meses com os salários atrasados, alguns serviços estão prejudicados. Em boa parte das escolas estaduais, alunos foram liberados mais cedo por causa da falta de pessoas na cantina para preparação de merenda. Na Escola Estadual Gonçalves Dias, no Canarinho, por exemplo, alunos relataram que a falta dos funcionários vem impactando bastante as escolas da Capital em geral.
“Ainda há um ou outro funcionário terceirizado aqui. Mas boa parte já deixou de vir e, por isso, fica complicado. A falta de funcionários na cantina e na limpeza, principalmente, vem afetando muito o funcionamento da escola”, comentou um grupo de alunos, de forma anônima.
Na Escola Estadual São Vicente de Paula, a vice-diretora do colégio, Irene Bonfim, afirmou que os alunos são conscientizados, por meio de um projeto chamado Agenda 21, a sempre limparem o ambiente. Ela explica que esse ensinamento ajuda em dias difíceis, e também garante a preservação da infraestrutura do prédio.
“Começamos esse projeto, que já é antigo, como uma forma de preservar muros para serem pintados. Daí resolvemos estender para a escola como um todo. Sempre incentivamos os alunos a catarem o que sujaram, deixar a escola limpa. Nesses últimos dias, em que mais ninguém da limpeza vem para cá, estamos reforçando ainda mais a necessidade dos alunos de manter o ambiente limpo e ajudar na limpeza”, disse.
Irene também relatou que, nos últimos dias, outras escolas estaduais vêm adotando a conscientização dos alunos quanto à necessidade de cuidar do seu lixo e ajudar na limpeza da escola. “O bom é que o projeto não morre aqui. Ele é estendido para a vida dos estudantes. E da mesma forma, sabemos que isso também está ocorrendo em outras escolas com a falta de funcionários na área da limpeza”, concluiu.
Terceirizados buscam diálogo
Manifestantes estão na Praça do Centro Cívico, entre a Assembleia e o Palácio do Governo (Foto: Wenderson Cabral)
A paralisação de funcionários em empresas terceirizadas, em frente à Assembleia Legislativa de Roraima, continuou no decorrer dessa quinta-feira, 11. De acordo com os terceirizados, o Governo do Estado não está realizando repasses para empresas contratadas há um ano, o que começou a afetar diretamente no salário deles nos últimos meses.
Uma das organizadoras do protesto, a terceirizada há 10 anos, Nayara Araújo, explicou que a paralisação só irá encerrar quando os pagamentos estiverem na conta dos funcionários. Ela disse que está sem receber há três meses e que, na empresa em que trabalha, mais de mil funcionários estão na mesma situação. Segundo os manifestantes, os protestos em frente à Assembleia estão contando com a participação média entre 400 a 600 terceirizados.
“Uma nota foi liberada falando sobre o bloqueio de verba do Governo do Estado pelo Judiciário. Essa história toda está mal contada, e queríamos melhores esclarecimentos. Isso nunca aconteceu antes em todos os anos que trabalho de forma terceirizada. Porque isso está acontecendo justo agora? Não temos hora e nem dia para acabar, e queremos dialogar diretamente com a governadora e parlamentares para ver como fica nossa situação”, afirmou.
Nayara afirmou que as empresas que os terceirizados trabalham reconhecem a paralisação, uma vez que existem aquelas que estão há até um ano sem receber qualquer repasse do Estado, restando somente arcar com o prejuízo, pagando os funcionários, até onde era possível.
“Nós estamos aqui fazendo o que temos o direito de fazer. As empresas reconhecem o nosso protesto, compreendendo e apoiando o que estamos fazendo. Apesar disso, ainda depende da governadora o nosso pagamento. E enquanto ele não vier, não haverá trabalho nosso. Estou aqui com meus dois filhos, que estão tão indignados quanto eu por já não ter mais condições de sustentar eles dessa forma”, complementou.
Outra manifestante, Zilda Borges, apontou que, por causa do feriadão, a manifestação em frente à Assembleia será retomada na segunda-feira, 15. “Nós não viremos para cá durante o feriadão, por questões óbvias. Não haverá sessão na Assembleia e nem aulas nas escolas. Entretanto, segunda-feira voltaremos para cá. E continuaremos tentando falar com a governadora, pois não há mais condição de trabalhar de graça”, contou.
OUTRO LADO – Sobre a situação, a Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) voltou a dizer que a folha de pagamento dos servidores do Governo do Estado foi encaminhada ao Banco do Brasil, porém, devido ao panorama negativo de recursos disponíveis, dado aos bloqueios judiciais e descontos automáticos do Fundo de Participação do Estado, ainda não foi efetuado o pagamento dos servidores da administração direta, exceto os servidores da Secretaria de Educação. (P.B)