OPINIÃO

Corrida quebrando o silêncio

O Projeto Quebrando o Silêncio é uma campanha da Igreja Adventista do 7º Dia, cujas principais ações ocorrem sempre no quarto sábado do mês de agosto. Este é o “Dia de Ênfase contra o Abuso e a Violência”, quando acontecem carreatas, fóruns, eventos de educação contra a violência e manifestações na América do Sul. Em Roraima, teremos a Corrida Quebrando o Silêncio no domingo, com categorias para crianças e adultos. Pela manhã, haverá a corrida kids para crianças até 12 anos, e às 17h a corrida para participantes a partir dos 14 anos. Quem tiver 13 anos pode optar pela corrida kids ou pela dos adultos.

A cada ano, um tema é escolhido para ser discutido e abordado com o propósito de conscientizar a comunidade. O tema de 2024 é “Infância Ameaçada”. A infância é considerada uma fase crucial do desenvolvimento humano, tanto na estruturação física quanto na psíquica e cognitiva. Por isso, todas as experiências e estímulos deixam marcas na vida adulta. Existem diversas formas de denunciar abusos e violências, assegurando que as vítimas possam buscar auxílio e segurança de maneira efetiva e protegida.

Saiba como fazer uma denúncia em caso de abuso emocional, físico e sexual:
Há várias maneiras de denunciar abusos e violência, garantindo que as vítimas possam buscar ajuda e proteção de forma segura e eficaz. As denúncias podem ser feitas tanto por meio de canais formais, como delegacias especializadas — como as Delegacias de Atendimento à Mulher (DEAMs) — quanto por serviços de emergência, como o número 190 da polícia.

Disque 100 – Direitos Humanos: Este serviço recebe denúncias de violações de direitos humanos, incluindo abuso e violência contra crianças, adolescentes, idosos, pessoas com deficiência e outros grupos vulneráveis. As denúncias podem ser feitas anonimamente, e o serviço funciona 24 horas por dia.

Disque 180 – Central de Atendimento à Mulher: Especializado em violência contra a mulher, este serviço oferece orientações e encaminhamentos para a rede de serviços especializados.

Os Conselhos Tutelares também são responsáveis pela proteção dos direitos das crianças e adolescentes. Eles podem ser contatados em casos de suspeita ou confirmação de abuso ou exploração contra menores.

A violência contra a criança, na maioria das vezes, acontece por parte de pessoas próximas da família, mas mesmo assim, é necessário denunciar. Em Roraima, quem está à frente do projeto Quebrando o Silêncio é a líder de mulheres, crianças e adolescentes, Talita Calazans, da Associação Amazonas Roraima – AAmar, que não tem medido esforços para fazer desta campanha um impactante e colossal grito de liberdade, incentivando a quebra do silêncio.

Todos os anos, cerca de 500 mil crianças e adolescentes são vítimas de violência sexual no Brasil, o que coloca o país na segunda posição no ranking de nações com o maior número de ocorrências de abuso e exploração sexual infantil, segundo dados do Instituto Liberta. O Cenário da Infância e Adolescência no Brasil 2024 também identificou que, entre as notificações de violência sexual contra crianças e adolescentes, a maioria das vítimas são do sexo feminino. Em 2022, foi constatado que as meninas abusadas correspondiam a 87,7% dos casos de violação ocorridos no país.

Em março, a Fundação Abrinq lançou o Cenário da Infância e Adolescência no Brasil 2024, publicação atualizada anualmente com dados públicos que refletem a realidade das crianças e adolescentes no país, incluindo aqueles relacionados à violência sexual.

Além disso, existem dados sobre a localidade onde a violência ocorre: em 68,7% dos casos, o abuso aconteceu no ambiente residencial. Outros locais relevantes são a escola e as vias públicas, que figuraram em 3,9% e 5,3% das notificações em 2022, respectivamente. A região Norte é a campeã em casos de abuso infantil no Brasil, um título que não traz alegria, pelo contrário, gera preocupação, e algo precisa ser feito. A Corrida Quebrando o Silêncio é uma forma de clamar por socorro, um grito que pode ser acompanhado pelo povo roraimense.

Nos últimos três anos, mais de 1.500 crianças foram vítimas de violência sexual em Roraima. No mesmo período, 165 mil meninos e meninas foram vítimas de violência sexual no Brasil — números que revelam um cenário preocupante de violência contra crianças e adolescentes no país. É o que revela a segunda edição do relatório Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil, lançada nesta terça-feira (13) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Os números de estupro contra crianças e adolescentes têm crescido constantemente. Foram registrados 46.863 casos de violência sexual em 2021, número que aumentou para 63.430 em 2023 — o equivalente a uma criança ou adolescente vítima de estupro a cada 8 minutos no último ano. A violência sexual tem atingido crianças cada vez mais novas. Entre 2022 e 2023, houve um acréscimo de 23,5% nos registros de estupro contra crianças de até 4 anos, e de 17,3% entre aquelas com 5 a 9 anos.

Algumas mães sentem culpa por não denunciar; ainda dá tempo. Não se cale diante do abuso, não se cale diante da dor. Afinal, “nem toda criança espera com alegria o beijinho de boa noite.”

Advogada, juíza arbitral, mestre em Desenvolvimento Regional da Amazônia, especialista em Direito de Família, Direito Processual Civil, Neurociência e alta performance, expert em Execução. Personalidade da Amazônia e Personalidade Brasileira, imortal pela Academia de Literatura Artes e Cultura da Amazônia, Núcleo de Literatura de Portugal, Núcleo de Literatura da Argentina. Premiada com o selo de ouro de referência jurídica nacional.
@draDolane_Patricia