AFONSO RODRIGUES

Não há poder sem política

“Reconhece-se um país subdesenvolvido pelo fato de nele ser a política a maior fonte de riqueza”. (Gaston Bouthoul)

O Gaston deveria ter olhado mais perifericamente. Porque não são só os países, mas todo o mundo. É dificílimo ver-se um candidato a cargo político, sem interesse na riqueza que a política garante, aos maus políticos. Em Atenas antiga, dizem que o Demóstenes, em uma discussão, disse para o Focião: “Os atenienses te matarão um dia quando perderem a cabeça”. E o Focião respondeu: “E te matarão quando estiverem com a cabeça bem no lugar”. Uma resposta que nos leva a uma reflexão. Pelos crimes bárbaros que vemos, mundo a fora, dá pra levar em conta o pensamento do Focião. Mas vamos deixar, por enquanto, os problemas de lado. O que é praticamente impossível. Porque sabemos que está cada vez mais difícil o equilíbrio nos comportamentos dos maus políticos. O crime continua atuando, enquanto ficamos boquiabertos, sem saber o que fazer. E isso porque não nos ensinam. Não nos dizem que tudo está na falta de educação. E esta está no despenhadeiro mundial.

Estamos iniciando uma campanha política, no Brasil. E não interessa se ela é municipal, estadual ou nacional. Porque enquanto continuarmos a ver a política nesses limites, continuaremos sem entender de política. E enquanto isso, não seremos, nós, eleitores, dignos de respeito na política. Quando na verdade somos nós que a mantemos com nossos votos que até agora não foram respeitados. Nem serão enquanto não nos respeitarmos como eleitores de uma democracia. Ainda não acordamos que nunca seremos respeitados como cidadãos enquanto formos obrigados a votar. O que não nos dá a liberdade de escolher o candidato, de acordo com a competência dele, para o cargo disputado. E como não podemos escolher, votamos à toa, mesmo sabendo que o candidato não mereceria o voto. Mas, fomos obrigados a votar, sem escolha.

Porém há um motivo para a liberdade no voto ainda não ser merecida: é que inda não somos educados politicamente, para merecer a liberdade no voto. E enquanto não formos preparados para as eleições, continuaremos elegendo maus políticos, que não permitem que os bons políticos trabalhem. E mesmo assim continuaremos mantendo a política, esperando que ela nos devolva o troco, com migalhas que aceitamos como gratificação pelo nosso dever de “cidadão”. Até agora não ouvi nenhum candidato se referir à melhoria da nossa educação. O que indica que continuaremos títeres de sonhadores pela riqueza que podem adquirir na política, com nosso voto. E nós continuamos jogados no mesmo balaio. Pense nisso.

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