Roraima registrou queda de -2,4% no volume de vendas no comércio varejista em agosto deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. Com o índice negativo, o Estado vai de encontro ao perfil nacional já que a média no país mostrou crescimento de 4,1% no setor. Segundo especialistas, a redução pode ser por conta do atraso de pagamentos aos servidores públicos.
De acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente a agosto deste ano, o Estado teve uma variação negativa junto com outras três unidades federativas: Distrito Federal (-2,3%), Piauí (-2,7%) e Amapá (-3,9%). No lado dos percentuais positivos, a Paraíba (14,1%) e o Maranhão (9,6%) aparecem nas primeiras posições.
Roraima também ficou entre os três estados que não tiveram crescimento do volume de vendas comparando agosto com julho deste ano, sendo o único a apresentar uma estabilidade no setor (0,0%). Somente os estados de Piauí (-0,5%) e Tocantins (-2,0%) apresentaram índices negativos. A média nacional foi de 1,3%, sendo a Paraíba (7,5%) e Acre (7,1%) os estados com melhores percentuais.
O Estado teve dados mais positivos em outros dois setores, mas ainda assim abaixo da média nacional. Na avaliação da taxa de variação do volume de vendas do comércio varejista ampliado, por exemplo. Em comparação com o mês anterior e com ajuste sazonal, o percentual de Roraima foi de 3,3%. Já a média nacional foi de 4,2%.
O mesmo ocorreu na análise do volume de vendas do comércio varejista ampliado, em comparação de agosto deste ano com agosto do ano passado. O percentual de Roraima foi de 3,4%, enquanto o nacional foi de 6,9%.
Vale ressaltar que o comércio varejista é aquele setor que vende diretamente para o consumidor e não para outras empresas, como a venda em atacado. As atividades principais do comércio varejista incluem os setores de venda de combustíveis e lubrificantes; hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; tecidos, vestuários e calçados; móveis e eletrodomésticos; artigos farmacêuticos, medicamentos, perfumaria e cosméticos.
Também são incluídas as atividades de venda de livros, jornais, revistas e papelaria; material para escritório, informática e comunicação; e outros artigos de uso pessoal e doméstico. O comércio varejista ampliado inclui todas essas atividades e a venda de veículos e motos, partes e peças de automóveis; e de material de construção.
Atraso nos salários pode ter influenciado queda nas vendas
De acordo com o economista Fábio Martinez, o estudo do IBGE não dá abertura para fazer uma análise profunda sobre o que ocasionou essa queda, já que não determina os percentuais por estado e sim em uma média nacional, não especificando qual área teve maior queda em Roraima.
No entanto, considerando a situação econômica atual do Estado e as características da população, o economista acredita que a demora no pagamento dos servidores públicos estaduais pode ter influenciado negativamente no volume de vendas.
“Se a gente analisar de julho para agosto, a queda pode ser um reflexo do atraso dos pagamentos por parte do Governo. Sem ter certeza da data de pagamento ou quando vai receber o salário, as pessoas adiam as suas compras”, avalia Martinez.
Isso acontece também por conta da característica da região, explica o economista, já que a maioria da população é formada por pessoas com cargos públicos. “Sabendo que os servidores públicos representam praticamente 50% dos trabalhadores ocupados no Estado, temos a avaliação que o atraso acaba afetando diretamente o volume de vendas. Essa é uma das prováveis causas na retração do comércio de um mês para o outro”, completou Fábio. (P.C.)